Cultura dos extremos

Vivemos em um mundo de tantas e ricas culturas. Elas são heranças de conhecimentos produzidas por gerações nas várias sociedades ou civilizações em seus diversos aspectos — político, econômico, social e cultural — que forma no todo a sociedade-global. Estamos vivenciando e aprendendo com a nova dinâmica contemporânea de uma “aldeia-global” com diversas “tribos, ” onde infelizmente a tolerância não é uma realidade inexorável.

Fazer uma reflexão sobre este tema é imprescindível. Sabe ... é importante se perguntar o porquê e, ao mesmo, ter a resposta do seu eu para essa pergunta: Eu sei viver com a tolerância e o pluralismo? Se o seu eu não souber conviver com a tolerância é porque ele não sabe e nem saberá aceitar ou concordar com o contraditório sempre será existente. É incrivelmente triste ver posturas individuais ou coletivas de defesa e de propagação dos diversos tipos de intolerância através de mecanismos como o Fake News e defesa de ideias externando palavras de negação e interposição, no mundo virtual-real das redes sociais.

Por que motivo a cultura do ódio está numa crescente? Por que a intolerância não é midiática e sim uma realidade? Por que o parâmetro de análise do correto tem o eu e não o outro na maioria das vezes? Por que o “ter” tem que superar o “ser”? Por que o debate político está empobrecido e a mentira mesmo sendo real é aceita como verdade? Por que disseminar ideias extremistas? Somente o eu, ou uma ideia, ou um grupo ou uma sociedade é a correta ou perfeita?

A nossa vida no individual ou no coletivo nos ensina. Ela é uma grande escola. Nesta escola as defesas das ideias, das crenças e das ideologias irão se contrapor a outras e, neste sentido, o grande “barato” é saber conviver com a prática do aceitar uma opinião diferente da sua e, ao mesmo tempo, perceber que não significa ser obrigado a concordar com ela e sim, aceitar, entender e conviver com a discordância. É a pluralidade a grande “sacada” de uma sociedade democrática. Neste sentido, no dia em que o eu e o grupo souberem — no mundo e no Brasil — viver em uma sociedade plural, onde você pode aceitar a discordância colocando em pratica este exercício básico de uma convivência democrática, viveremos em um mundo e em um Brasil justo e humano.

É fato! Em um contexto interno — Brasil desde 2014 está dando vazão a discursos odiosos — vejo claramente essa realidade de aceitação fácil da ofensa mentirosa e da perda violenta dos direitos com argumentações não reais. É incrível! Mas, estamos vivenciando este momento. Façamos uma reflexão sobre essa realidade .... Será que nós, povo brasileiro, resultante de uma miscigenação étnica e cultural, perderemos para a intolerância crescente propagada por pessoas ou grupos de pessoas através das Fake News, discursos e práticas contra a tolerância.

O Brasil e o brasileiro, na sua essência, são assim? Não. Não somos. Me nego acreditar que somos. Acredito que por sermos uma jovem democracia em processo de consolidação de uma sociedade democrática de fato, onde erros e acertos são e serão cometidos nesta caminhada, estamos temporariamente no momento dos erros — espero que por pouco tempo — que são também importantes. Torço para que no próximo exercício da democracia voltemos para o acerto. Errar é humano, diz assim um ditado popular.

Pronto! Falei...