A paratleta piauiense Auricelia Nunes, integrante da Seleção Brasileira de Para-badminton, denunciou nessa quinta-feira (16), que foi impedida de embarcar em um voo, na madrugada da última quarta-feira (15), da empresa Latam por não estar com acompanhante. Nunes tentava chegar até São Paulo, pois, foi convocada pela Seleção Brasileira para disputar a primeira etapa do Campeonato na Espanha.
A Atleta conta que não houve motivo para ser impedida de prosseguir com a viagem, no entanto, um "chefe da cabine" disse que ela não poderia viajar sozinha.
Nunes afirma que contestou o profissional e argumentou: "viajo sozinha há mais de 6 anos". Porém, seus argumentos não foram ouvidos. Por meio de uma nota de repúdio, a paratleta demonstrou sua indignação e disse ter sido vítima de capacitismo.
"Estou convocada para compor a seleção Brasileira de Badminton e estou indo à primeira etapa internacional do ano, na Espanha e o 'bendito cidadão', me fala que, não posso viajar sozinha! Será que todo DEFICIENTE CADEIRANTE, quando entra em um avião, pede logo para ir ao banheiro? E será que todas às vezes é o mesmo, 'Chefe de Cabine', que o leva até o banheiro? E justamente por eu ser cadeirante, ele acha que tem o direito de tentar impedir meu direito de ir e vir? Eu sou cadeirante, paratleta e tenho autonomia e direito de ir e vir com segurança e dignidade", relata.
Apesar da situação, Nunes contou que conseguiu chegar ao seu destino, porém, foi necessário que outro funcionário contornasse a situação.
Veja a nota completa a seguir:
Nota de repúdio!
Eu, Auricélia Nunes Evangelista, Paratleta da Seleção Brasileira de Parabadminton, ao embarcar na companhia, Latam Linhas Aéreas, às 2:40h do dia 15 de fevereiro de 2023, ou seja, hoje, no voo 3199 um rapaz que se diz “chefe de cabine” da Latam, fez o favor de falar que eu não poderia embarcar, porque sou cadeirante e não conseguiria ir ao banheiro da aeronave sozinha.
Detalhe, eu nem pedir para ir ao banheiro. Mesmo explicando e me identificando que, sou paratleta e que viajo há mais de 6 anos “sozinha”, Ele, simplesmente ignorou qualquer fala minha. “Por eu não andar, eu teria que ter um acompanhante”. Estou convocada para compor a seleção Brasileira de Badminton e estou indo à primeira etapa internacional do ano, na Espanha e o “bendito cidadão”, me fala que, não posso viajar sozinha! Será que todo DEFICIENTE CADEIRANTE, quando entra em um avião, pede logo para ir ao banheiro? E será que todas as vezes é o mesmo, “Chefe de Cabine”, que o leva até o banheiro? E justamente por eu ser cadeirante, ele acha que tem o direito de tentar impedir meu direito de ir e vir?
Eu sou cadeirante, paratleta e tenho autonomia e direito de ir e vir com segurança e dignidade. Que a Latam Linhas Aéreas, capacite melhor seus funcionários e nos chame para entender quais são nossas reais necessidades, para embarcar. Porque, até meu horário das minhas necessidades fisiológicas ele, o “Chefe de Cabine”, quer controlar. Me chamem e perguntem quais são minhas necessidades. Eu uso uma cadeira de rodas, falo e conheço meus direitos. Agradeço a um funcionário da Latam Aracaju, que saiu do seu setor e veio esclarecer e intervir por mim, junto ao bendito “Chefe de Cabine”. Que isso não se repita com outros USUÁRIOS DE CADEIRA DE RODAS. Graças a Deus cheguei a São Paulo.
Confira o vídeo compartilhado pela atleta
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