A COAVE PEDE SOCORRO
A COAVE- Cooperativa Mista dos Avicultores do Piauí foi constituída em 18 de dezembro de 1979, sob a idealização dos entusiastas, à época, entre os quais: Francisco Barbosa de lima, João José Tourinho Neto, José Francisco Sady e Waldemar Ribeiro de Carvalho, que logo juntou 44 (quarenta e quatro) cooperados para dar os primeiros passos ao cooperativismo no Piauí,
O pensamento dos seus idealizadores foi fomentar o cooperativismo aviário no Piauí objetivando aliar os resultados econômicos ao desenvolvimento humano. Com a atuação baseada nos valores humanos, ganham não apenas os cooperados, mas toda a sociedade no entorno. As cooperativas geram empregos e movimentam a economia, contribuindo para o desenvolvimento das regiões onde atuam como um todo. Além disso, elas desenvolvem políticas e iniciativas que contribuem para tornar a sociedade mais justa e os valores humanos mais respeitados.
No ano de 1982, a COAVE construiu a fábrica de ração, destinada a atender às necessidades de seus cooperados. Até então, cada cooperado fabricava sua própria ração ou a adquiria no mercado, quase que na totalidade, vinda do vizinho Estado do Ceará. A fábrica funcionava na modalidade de venda para os associados, com o passar do tempo, a COAVE foi transformada numa integradora, ou seja, a empresa fornecia, aos seus associados integrados, os insumos básicos necessários à produção de frango de corte, bem como toda assistência técnica , fazendo ainda a comercialização.
A COAVE iniciou com inovação, organizando e incentivando a produção pelo seus cooperados, oferecendo insumos e assistência técnica, transferindo conhecimento e tecnologia, bem como, através da sua diretoria, oferecendo todo o gerenciamento comercial e estabelecendo os parâmetros de mercado, com os valores do cooperativismo, na ajuda mutua e responsabilidade para com o próximo, entre os valores podemos citar a igualdade, equidade, solidariedade e responsabilidade social.
A cooperativa atuava também nos segmentos de postura e suinocultura, esta última, em menor escala. Na época, a COAVE contava com 51 sócios, dentre os quais 39 integrados na avicultura de corte. Respondendo por 50% dos frangos produzidos no Estado do Piauí, gerando, em média, 200 (duzentos) empregos diretos, já contando com 64 (sessenta e quatro ) granjas integradas, com aproximadamente 1.600 ( mil e seiscentos ) empregos diretos e indiretos, produzindo , em média, 4500 ( quatro mil e quinhentos ) toneladas de ração por mês., com um plantel 2.200.000 ( dois milhões e duzentos mil ) aves por ciclo de 70 dias, com um consumo na produção de rações, 3.000 ( três mil ) toneladas de milho por mês, 600 ( seiscentos ) toneladas de soja em grãos e 600 ( seiscentos ) de farelo de soja.
Já no aspecto social, a empresa não visava lucro, sendo que na obtenção de resultado positivo, as sobras eram repassadas, aos cooperados, que tivessem movimentação financeira no exercício, tudo em consonância com a legislação e o seu estatuto,
A empresa preocupava-se com o endomarketing, uma vez, que valorizava seus clientes e seu corpo de empregados. A estes proporcionavam plano de saúde, seguro de vida e os incentivava na prática de esporte e lazer, além de ofertar cursos de formação profissional.
No seu quadro, dispunha de associados e empregados motivados, os quais ajudavam na conquista da boa performance, mantendo permanente valorização do desempenho auferido a cada exercício.
A partir do ano de 2016 diversas e sucessivas crises se abateram no segmento avícola do país e, o Estado do Piauí não ficou de fora, empresas tradicionais do nosso Estado foram fechando, outras migraram para outros segmentos. Primeiramente veio a crise de preços, onde os insumos subiram numa escala vertiginosa e o preço aviltado do frango não acompanhava o custo de produção. Em seguida, veio a crise de ovos férteis, dado o problema sanitário, enorme quantidade de aves matrizeiras foram eliminadas, o que resultou, na falta de ovos no mercado, para a produção de pintos de um dia, necessários ao abastecimento das granjas. O que, somado a tudo isso, provocou a estagnação da COAVE, causando a sua debilidade financeira.
Outras crises contribuíram, de modo significativo, para o desequilíbrio do mercado local e a consequente paralisação da COAVE a saber: queda nas exportações da carne de frango, motivada pela operação “carne fraca”, greve dos caminhoneiros e pandemia do Covid 19.
A avicultura no Brasil tem entre os principais desafios da atualidade a necessidade de adequação dos sistemas de produção às novas exigências de bem estar animal. O Panorama da Avicultura Nacional relata que as vantagens da avicultura são muitas como: produção não sazonal, que evita o desemprego temporário, gera capital de giro, mantém a mão-de-obra no campo, permite a escala de produção viabilizando a utilização de tecnologia, com um baixo custo de produção.
Por todo o exposto, diante da viabilidade do setor, os Avicultores do Piauí solicitam o apoio do Governo do Estado, como agente indutor, e das instituições financeiras creditícias, a fim de buscar soluções para a retomada e funcionamento pleno de uma das maiores cooperativas do Estado do Piauí, que agora pede apoio para não fechar as portas.
Valmir Martins Falcao Sobrinho
Economista e Advogado