Com o cenário pós-pandemia e a continuidade da guerra entre a Rússia e a Ucrânia, a economia global está tendo que lidar com os impactos negativos desses eventos após viver um período de estagnação, com crescimento baixo, inflação muito baixa e juros, consequentemente, também baixos.
Já para a economia brasileira, o mercado pontua algumas preocupações, as ainda há uma perspectiva positiva para o nosso país diante do cenário mundial.
O Brasil tem se beneficiado do bom preço das commodities, resultante desse processo de desaceleração econômica global. A expectativa é que em 2023 ocorra uma acomodação desses preços, mas ainda com níveis historicamente altos. Com isso, o Brasil terá entrada razoável de liquidez via comércio internacional.
O contexto interno brasileiro ainda sofre com o crédito restrito e caro, demandas interna e externa retraídas, famílias endividadas, aumento das demissões, alta da inadimplência atingindo mais de 66 milhões de pessoas, empresas endividadas e em dificuldades – em especial as varejistas que dependem de muito capital de giro
Um fator preocupante é a inflação projetada para 2023. O aumento dos preços dos produtos e serviços tem impactado fortemente o poder de compra da população desde 2020, ainda reflexo da pandemia, onde, itens essenciais como alimentos, combustíveis e energia têm sustentado altas que comprometem o orçamento das famílias e afetam a qualidade de vida das pessoas.
A inflação também gera incertezas para as empresas, que precisam lidar com a dificuldade em repassar os aumentos dos custos das matérias-primas para os preços aos consumidores, afetando suas margens de lucro.
O crédito, com a taxa de juros, está mais restrito e caro, dificultando o acesso a financiamentos e empréstimos. Consumos e novos investimentos são adiados, as despesas financeiras sufocam os orçamentos domésticos e empresariais, levando ao ciclo de desaquecimento econômico.
Para a grande maioria dos analistas, o Brasil precisa estimular o trabalho complementar, promover a estabilidade institucional, linhas facilitadas de crédito para investimentos, respeito aos contratos, gestão profissional para as pequenas e médias empresas, reforma tributária, melhorias da infraestrutura logística, acordos bilaterais e com blocos comerciais favoráveis ao Brasil, com mais direcionamento objetivo e menos ideológico.
O Brasil também deve incentivar o empreendedorismo responsável, diminuir a burocracia, os gargalos tributários e estruturais para que empresas de todos os portes e setores possam ser mais competitivas, tanto nos momentos de bonança quanto, principalmente, nos momentos de crise.
Por fim, a reforma tributária é uma grande expectativa para o ano e deve mexer com muitos interesses, mas é necessário entender que não é uma reforma fiscal para trazer mais arrecadação e não vai funcionar para isso, a reforma tributária é muito importante para ganhos de produtividade, aumento de eficiência entre as empresas.
Valmir Martins Falcao Sobrinho
Economista e Advogado