A Diocese de Bom Jesus, junto com os movimentos S.O.S BR-135 e Cidadão Livre, realizou uma missa nesta terça-feira (17) em homenagem às vítimas de acidentes na estrada no Sul do Piauí, conhecida como 'rodovia da morte'. Segundo as entidades, mais de 60 pessoas morreram entre 2017 e 2018.
Cerca de 100 familiares das vítimas e usuários da BR-135 participaram da missa e cobraram conclusão das obras na rodovia para que mais acidentes não voltem a ser repetir no local. A data também lembrou um ano e um mês do acidente com ônibus de turismo, que deixou nove mortos e 18 feridos.
"As mortes foi um despertar para que se fizesse uma reforma na rodovia. Algumas correções foram feitas e iniciadas o alargamento, mas ainda há outras irregularidades. O problema é com a aprovação do Projeto de Lei 13/18, que retira R$ 600 milhões do Ministério dos Transportes, e por isso já estamos em alerta para a paralisação das obras. Somente no Piauí está previsto o corte de R$ 73 milhões para manutenção de rodovias federais e estaduais", declarou o integrante dos movimentos Jaderson Andrade.
Segundo o integrante, o objetivo dos movimentos é a via de mão dupla: cobrar o governo sobre a manutenção da rodovia e conscientizar os condutores sobre os seus deveres.
"Não basta duplicar a BR e os condutores não tiverem os cuidados devidos, como o uso dos equipamentos de segurança e andar no limite da velocidade. Esperamos que as obras continuem e boa parte seja entregue até dezembro", concluiu.
Em 2017, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) apresentou a BR-135 como a estrada com o pior estado de manutenção do Piauí. Apesar disso, no ranking de manutenção de rodovias pavimentadas o Estado aparece em 5° lugar. A avaliação é realizada por meio do Índice de Condição da Manutenção (ICM). Atualmente a malha federal no Piauí corresponde a 2700 km de extensão.
Irregularidades na BR-135
A Polícia Rodoviária Federal (PRF) concluiu em março do ano passado o escaneamento dos trechos da BR-315, no Sul do Piauí. O estudo comprovou que as péssimas condições de segurança da rodovia são agravantes para o número elevado de acidentes na região.
O superintendente regional do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), Paulo de Tarso Cronemberg, avaliou o pedido da PRF para a interdição da BR-135. Após os recorrentes acidentes no local, o órgão de trânsito elaborou um relatório com várias irregularidades encontradas na rodovia e que oferecem riscos aos condutores.
Para o superintendente Wellendal Tenório, da PRF, parte do resultado das ocorrências registradas decorre das péssimas condições de segurança da via.
"Temos de Elizeu Martins a Cristalândia um problema grande com falha na rodovia. São 18 km na BR-135 sem vias duplicadas, falta acostamento, com desvio do pavimento estrutural da via e outros fatores ausentes. A largura normal de uma rodovia federal é de 7 metros e ali temos 5,8 metros, o que impõe várias situações de riscos para quem passa por ali", revelou.