O ex-assessor do deputado federal André Janones (Avante-MG), Fabrício Ferreira de Oliveira, proveu informações à Polícia Federal e à Procuradoria Geral da República (PGR), sobre um novo esquema envolvendo o deputado. Fabrício afirma que Janones estaria envolvido em esquema de shows milionários promovidos com dinheiro público e sem licitação.
O ex-assessor já havia denunciado que Janones liderava um esquema de "rachadinha", um repasse de salário de funcionários, fazendo com que o Supremo Tribunal Federal (STF) abrisse um inquérito contra o deputado no dia 4 de dezembro deste ano. O deputado ainda teve áudios vazados descrevendo a lógica por trás da prática criminosa.
Segundo Fabrício Ferrreira, o nove esquema, ligado a irregularidades nos shows públicos, acontecia em Ituiutaba, seu reduto eleitoral, no interior de Minas Gerais. O município é comandado pela prefeita Leandra Guedes, ex-assessora e ex-namorada de Janones, apontada também como peça-chave na engrenagem da devolução de salários. A prefeita e o deputado negam qualquer irregularidade.
Segundo Oliveira, a prefeitura contratou atrações musicais por valores milionários, com “fortes indícios de desvio de erário público”, por meio de emendas parlamentares, sem transparência, destinadas por André Janones. Ele aponta ainda que um grupo privado, com vínculo familiar com o deputado, teria lucrado com a venda de ingressos e bebidas em megaeventos organizados pela prefeitura.
Ao longo dos últimos quatro anos, Janones destinou R$ 58,4 milhões que ajudaram o município de Ituiutaba a promover shows de grande porte. Gusttavo Lima, Jorge & Mateus, DJ Alok, Zezé Di Camargo & Luciano e Simone foram algumas das atrações contratadas por Ituiutaba nos últimos quatro anos.
No domingo (10), os repórteres Tácio Lorran e Daniel Weterman, do “Estadão”, mostraram que 76% das emendas à disposição de Janones foram enviadas para Ituiutaba, que tem pouco mais de 100 mil habitantes. Do total remanejado, R$ 25 milhões foram repassados por meio do que ficou conhecido como “emenda Pix”, mecanismo sem transparência e sem fiscalização, a qual o próprio deputado já criticou.
“Eu não queria que existisse esse tipo de emenda. Porque é um tipo de emenda que dificulta a fiscalização. Eu não tenho esse poder de acabar com a existência dessa emenda da noite para o dia”, disse o parlamentar em entrevista ao “Estado de Minas”, em 2022.