Após 2023 apresentar instabilidades na economia do mundo, alguns especialistas apostam em 2024 com uma ligeira recuperação, com aportes de investidores em setores ligados à tecnologia e setores relacionados ao consumo doméstico.
Fazendo uma retrospectiva, a crise geopolítica com a guerra entre Rússia e Ucrânia, provocou uma desordem na balança de pagamentos entre muitos países, a economia global também enfrentou um cenário de elevada taxas de juros, provocando, por consequência, uma mudança no fluxo do dinheiro. Em vez de aplicar os recursos em empresas, muitos investidores preferiram a estabilidade dos títulos públicos, como aqueles emitidos pelo governo americano e outros títulos.
No Brasil, não foi diferente. Além da mudança de governo, com o mercado esperando decisões governamentais, aliado a uma taxa básica de juros (Selic) de 13,75% durante todo o primeiro semestre (o ciclo de queda dos juros começou em agosto), os investidores tinha por preferência colocar dinheiro em fundos de private equity (que compram participação em empresas) deram uma brecada em suas investidas. A preferência foi investir em renda fixa.
Alguns especialistas estão apostando em 2024, isso porque a queda nos juros no Brasil e a possibilidade de um início de cortes nas taxas americanas, o dinheiro pode ir para o mercado, saindo das especulações financeiras, ou seja, o dinheiro que está nessas aplicações de renda fixa e fazê-lo voltar para a economia real. A expectativa do mercado em geral é que, até maio ou junho, os cortes nos juros americanos comecem. Já no Brasil, a previsão é que a Selic chegue ao final do ano entre 10% e 8%. Ora, todos sabem que o juro alto atrapalha a captação de recursos.
Afinal o que está atrapalhando? Os gastos do governo e uma possível pressão inflacionária, considerado empecilhos com potencial para jogar areia na engrenagem da queda de juros.
Os especialistas afirmam que os negócios que mais devem chamar atenção são aqueles ligados à tecnologia, com índice de produtividade, são as oportunidades tecnológicas no setor do agronegócio, isto é, empresas na área de agricultura que promovam tecnificação para ajudar pequenos e médios produtores a fazer uma melhor gestão do plantio, que os auxiliem a serem mais preditivos diante das mudanças climáticas estão no nosso foco. Outros apostam em tecnologia na área da saúde que podem provocar investimentos, as chamadas healthcares que se propõem a resolver, com tecnologia e até inteligência artificial, os problemas de custos altos do setor.
Na área de finanças, as “fintechs”, as companhias de tecnologia que atuam no setor financeiro, espera-se uma grande consolidação. A expectativa é que haja junção entre bancos digitais, por exemplo. Ou a verticalização de serviços, que é a atuação em nichos específicos, como seguros, saúde, a simplificação da jornada de pagamentos.
Já o setor de consumo doméstico também deve atrair investimentos. São empresas que estão muito desgastadas com a alta dos juros, que não só fez essas companhias se endividarem, mas que também afasta os consumidores das compras, uma vez que, com as taxas caindo, o endividamento das empresas e do consumidor fica mais ameno. Como exemplo os atacarejos, em especial da região Nordeste, e em empresas de educação com foco em ensino básico e fundamental, e em varejo especializado, como o voltado ao setor pet, farmacêutico e de luxo.
Na parte de investimentos ligados ao setor público, devemos mencionar o novo Marco Legal do Saneamento, aprovado em julho de 2022, os fundos também estão de olho nessa área de investimentos que, uma vez que, o saneamento é um setor mais atrasado no pais , com mais de 100 milhões de brasileiros sem o esgoto e mais de 4,4 milhões não têm banheiro em casa.
Por último, as empresas de energia – principalmente as renováveis, como solar e eólica – e também de tratamento de resíduos e lixo – por conta das mudanças climáticas extremas também devem atrair investimentos em 2024, aliado a expansão das redes 5G, espera-se, portanto, investimentos também em torres e data centers para sustentar a demanda criada em relação à infraestrutura e armazenamento de dados.
Vamos esperar os rumos da economia para 2024.
Valmir Martins Falcão Sobrinho
Economista e Advogado