Hoje, quarta-feira, 20/03/2024, faz três anos do bárbaro assassinato de duas jovens no morro do Parque Aliança, em Timon-MA.
O crime ficou conhecido a nível nacional pela violência empregada por integrantes de facção a duas jovens de 15 e 17 anos de idade.
No dia 21/03/2021, uma notícia chocou a população da cidade de Timon-MA e Teresina-PI com o encontro dos corpos de duas adolescentes enterrados em uma cova rasa, no morro do Parque Aliança. A notícia ganhou repercussão a nível nacional com tamanha selvageria em que as jovens foram mortas.
As investigações apontaram que as jovens MARIA EDUARDA DE SOUSA LIRA, 17 anos e JOYCE ELLEN DOS SANTOS MOREIRA, 15 anos, foram mortas no dia 20/03/2021, a exatos 3 anos, e os corpos encontrados no dia seguinte.
O CRIME
No dia 20/03/2021, Maria Eduarda de Sousa Lira, 17 anos de idade recebeu um convite de Willian de Sousa Teófilo, vulgo Bolinha ou Moana, transexual que residia na Vila da Paz, mesmo bairro de Maria Eduarda e a chamou para irem a um sítio em Timon com amigos. Maria Eduarda disse que iria mas que levaria uma amiga junto. A amiga era Joyce Ellen dos Santos Moreira, 15 anos, residente na Zona Norte de Teresina.
ATRAÍDAS PARA A MORTE
As jovens não sabiam, mas estavam sendo atraídas para serem mortas pela facção Bonde dos 40.
Desde cedo, Erika Layane de Sousa Santos, vulgo Japa e Brenda Emanuelle Silva Oliveira, vulgo Baixinha Afrontosa ou Manú, que residiam na rua Abinoan Osório, no bairro Parque Aliança, em Timon-MA arquitetavam chamar Maria Eduarda para um "esclarecimento", espécie de Tribunal do Crime onde haveria um julgamento. A princípio, Maria Eduarda recusou e foi atraída por Willian Teófilo a quem tinha como amigo por morarem próximo e se conhecerem.
As investigações apuraram que JAPA, BRENDA e MARIA EDUARDA já moraram juntas na casa onde foram torturadas.
Conforme o processo, um líder da facção, ANTONIO DE DEUS PEREIRA NETO, vulgo FANTASMÃO "geral do estado" chegou a ir na casa de BOLINHA deixar o dinheiro para que este pagasse o motorista de aplicativo que iria levar as vítimas para Timon.
Outras criminosas foram chamadas para o local onde aconteceria o brutal crime, todas faccionadas de Teresina-PI.
CRIME PREMEDITADO
A trama estava em andamento desde 11 horas quando algumas jovens ajudadas por faccionados homens iniciaram cavar a cova, já premeditando o crime.
Ao chegarem no local, as jovens foram cercadas pela facção e tiveram seus telefones celulares recolhidos pelas faccionadas e foram obrigadas a desbloquearem. Iniciou-se ali o interrogatório das jovens que foi filmado pelas faccionadas. Nos celulares foram vistos algumas imagens onde as jovens faziam menção com as mãos da facção rival. Na casa, onde Maria Eduarda residiu com JAPA e BRENDA, sofreram agressões e tiveram seus bens subtraídos (celulares, brincos, pulseiras, piercings e relógios).
O MORRO, A COVA
Levadas a força para o morro do Parque Aliança, tiveram que dar continuidade em cavar a cova com pá e picareta enquanto eram ameaçadas e interrogadas. Vídeos foram gravados e amplamente divulgados com as jovens sendo interrogadas, cavando a própria cova e sendo obrigadas a fazer o gesto da facção b40.
Nas sessões de torturas as vítimas tiveram os cabelos cortador, Joyce teve uma orelha cortada por MARTA REBECA RIBEIRO DA SILVA, vulgo BONECA, as vítimas levaram golpes de cassetete, picareta, pá e facadas.
O cassetete foi levado por KARINA ELLEN DO CARMO SOUSA, vulgo ESMERALDA, que tinha o costume de levar o instrumento para sessões do Tribunal do Crime.
Apurou-se que oito das nove mulheres pronunciadas mais uma adolescente, aplicaram golpes contra as vítimas. Conforme o processo, os homens não são autorizados a espancar quando se tratam de mulheres, mas foram responsáveis por intimidar, cavar parte da cova e ameaçar as jovens.
IMPLORARAM PARA NÃO MORREREM
As vítimas no início das agressões imploraram para não morrerem. Mas a facção não perdoou. Maria Eduarda pediu ajuda, pediu clemência, e com golpe de picareta quebraram um de seus braços e tamanha era a dor e violência que implorou para darem um tiro e acabar logo o sofrimento. As criminosas então mataram Joyce Ellen na cova e enterraram as duas juntas, sendo que Maria Eduarda foi enterrada viva conforme os relatos dos réus.
COMEMORAÇÃO
Ainda concernente a informações da Polícia Civil do Maranhão/Timon, as faccionadas após os crimes foram comemorar em um bar de uma integrante que é Geral do quadro feminino, no Cocais.
INVESTIGAÇÕES E INDICIAMENTOS
As investigações ficaram a cargo da DHPP-TIMON que a época do crime tinha um efetivo de 6 policiais, apenas 3 nas investigações. Após esse crime a DHPP aumentou seu efetivo para 10 policiais e receberam equipamentos, armamentos e viaturas novas. Atualmente a DHPP-TIMON é a única unidade policial de Timon-MA que investiga as organizações criminosas.
Dos 14 indiciados apenas uma se encontra foragida da justiça, LUZILENE FERREIRA DOS SANTOS, vulgo MORENA e uma está em liberdade porque até hoje a justiça não apreciou o pedido de prisão feita pela autoridade policial que teve manifestação a favor do Ministério Público, MANUELE RAISA DE SOUSA SILVA, vulgo GUEIXA.
A DHPP-TIMON recebeu apoio de diversas unidades policiais de vários estados brasileiros.
Um grande número de mandado de buscas e apreensões foram realizados e várias prisões realizadas.
Policiais da DHPP dizem que não sabem porque alguns líderes da facção que aparecem nas investigações tiveram suas prisões temporárias revogadas antes mesmo do pedido de prorrogação das prisões e do envio do material comprobatório da participação no crime.
DENÚNCIA (MINISTÉRIO PÚBLICO)
O Ministério Público de Timon-MA e posteriormente de São Luis-MA (promotoria de Organização Criminosa) ofereceu denúncia de todos envolvidos.
A denúncia é a peça inicial da ação penal pública que é apresentada pelo Ministério Público.
PRONUNCIAMENTO
O judiciário através da Vara Especial de Colegiado de Crimes Organizados, com sede em São Luis-MA pronunciou todos envolvidos.
A pronúncia é o ato em que o juiz expressa a sua convicção quanto à ocorrência de crime de homicídio ou tentativa de homicídio e quanto à presença de fortes indícios de sua autoria e materialidade, exigindo que, ao pronunciar o réu ou réus, o ministério público indique com precisão e clareza as provas, colhidas na fase inquisitorial, fase de instrução onde todas testemunhas são ouvidas e provas apresentadas e analisadas.
RÉUS PRESOS
Após decretadas as prisões das faccionadas responsáveis diretamente pelo crime, houve uma enxurrada de pedidos de revogação das prisões (para os investigados fossem soltos).
Analisando que o caso era gravíssimo, o Ministério Público sempre se manifestou contrário as solturas e o poder judiciário também indeferiu a todos pedidos feitos pelos defensores das faccionadas. Duas investigadas estavam grávidas quando das prisões e tiveram seus partos na maternidade do presídio maranhense.
RÉUS QUE ESTÃO SOLTOS NO PROCESSO
Na denúncia do Ministério Público e Pronunciamento do Judiciário há quatro (4) réus que NÃO estão presos no processo, embora tenha sido requisitado suas prisões pela Polícia Civil e o Ministério Público tenha se manifestado a favor, o poder judiciário nunca analisou.
MANUELA RAISA DE SOUSA SILVA, vulgo GUEIXA, conforme a Polícia Civil, uma das mais violentas nas agressões as vítimas. Tinha levado uma criança de colo para o local das agressões. É considerada foragida do Sistema Prisional do Piauí após rompimento de tornozeleira.
LEONARDO THALISSON FERREIRA DE SOUS, vulgo DAS CARPAS, ex-companheiro de Manuela Raisa, Gueixa. Preso em Timon por roubos a motoristas de aplicativo.
LUCIANO RAFAEL DA SILVA COTA, vulgo LATRÓ. Está preso no Sistema Prisional do Maranhão por crimes de roubos a motoristas de aplicativo.
RAFAEL STANLEY FERREIRA DE SOUSA, vulgo MORTE ou RATINHO, irmão de Das Carpas, preso em Timon-MA por assaltos a motoristas de aplicativo.
Os réus "Das Carpas", "Morte" e "Latró" foram presos em Timon-MA numa operação da Polícia Civil e sentenciados em um dos processos a pena de 9 anos e 11 meses. Foram denunciados em pelo menos outros oito (8) processos por roubos a motoristas de aplicativos em Timon e agiam com extrema violência. No caso das mortes de Joyce e Maria Eduarda foram pronunciados e aguardam o julgamento.
Outras duas pessoas foram pronunciadas e aguardam o júri em liberdade, ANTONIO DE DEUS PEREIRA NETO, vulgo FANTASMÃO e TAIS FERNANDA MACHADO OLIVEIRA, vulgo BELA.
FANTASMÃO está preso em Teresina-PI por crime de homicídio e foi decretado a morte pela facção que era uma das lideranças. Matou um outro integrante num Tribunal do Crime em Teresina e não tinha autorização para mata-lo.
PRIMEIRO JÚRI
O primeiro júri do caso ocorreu no dia 13/03/2024, quase três anos após o crime e devido o processo ter sido desmembrado, apenas uma das envolvidas participou do Júri.
BRENDA EMANUELE SILVA OLIVEIRA, vulgo BAIXINHA AFRONTOSA ou MANÚ que havia sido presa na cidade de Marabá-Pará, após fugir para não ser presa.
BRENDA morava com ERIKA LAYANE, vulgo JAPA e havia morado com a vítima MARIA EDUARDA por algumas semanas.
A testemunha PAMELA RAYANE, vulgo BRUXINHA, adolescente à época do crime não compareceu a sessão do júri e foi uma das autoras do crime em tela.
No Tribunal do Júri, os jurados reconheceram a ré (BRENDA) como culpada nos crimes de homicídios e culpada nos crimes de ocultação de cadáveres, contudo, resolveram absolvê-la. Essa absolvição é entendida como uma questão extrajurídica, a absolvição por clemência, que seria em resumo uma benevolência, misericórdia, piedade, bondade por parte dos jurados à ré.
Quanto ao quesito de participar de organização criminosa que emprega arma de fogo e possui adolescente na organização os jurados reconheceram e sentenciaram a ré onde o juízo da 1ªVC de Timon-MA, aplicou uma pena de 4 anos, 6 meses e 15 dias. Brenda teve alvará de soltura expedido em seu favor, porém ficará monitorada com tornozeleira eletrônica.
Ao saberem do resultado os policiais disseram que resultados de júri não os surpreendem e que os jurados representam o povo, afirmando que diferente de muitos, eles (policiais) dormem com a consciência tranquila de um trabalho bem feito, mas que as imagens daquelas duas jovens mortas jamais sairão de suas memórias.
Os policiais afirmaram que diferentemente da clemência (perdão) dada pelos jurados à BRENDA, esta e as demais faccionadas não tiveram clemência com JOYCE e MARIA EDUARDA, que imploraram por suas vidas e tiveram a adolescência interrompidas e suas famílias destruídas, lembrando que Maria Eduarda era filha única.
Motivação do Crime
Durante as investigações a equipe DHPP descobriu que as jovens Maria Eduarda e Joyce Ellen não eram faccionadas, apenas gostavam de se divertirem e curtir festas em qualquer local, independentemente do local ser de predomínio de uma ou outra facção criminosa.
Em redes sociais era possível ver que se relacionavam com jovens que residiam em locais de predominância de facções diferentes. Algumas imagens mostravam inclusive fazendo símbolos de ambas facções por simples diversão.
FORAGIDAS
LUZILENE FERREIRA DOS SANTOS, vulgo MORENA possui mandado de prisão em aberto pelo crime de duplo homicídio, ocultação de cadáveres e integrar organização criminosa. Possui processos criminais.
MANUELE RAISA DE SOUSA SILVA, vulgo GUEIXA, consta como foragida do Sistema Prisional do Piauí, com rompimento da tornozeleira eletrônica.
PRESAS
MARTA REBECA RIBEIRO DA SILVA, vulgo BONECA, Zona Sul de Teresina-PI
ERICA LAYANE DE SOUSA SANTOS, vulgo JAPA, Zona Norte de Teresina-PI
MIKAELLE FERNANDES DA SILVA
MICAELY KESSIA GOMES VIRGILIO
WILLIAN DE SOUSA TEOFILO, vulgo BOLINHA, Zona Sul de Teresina-PI
KARINA ELLEN DO CARMO SOUSA, vulgo ESMERALDA, Zona Norte de Teresina-PI
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