A jornalista Paula Holanda, militante de esquerda e influenciadora digital, conhecida no Twitter como @pppholanda —ela tem 6.446 seguidores —, disse em uma "thread" (sequência de pequenas frases, ou tuítes) na rede social, no sábado à noite (25), que foi convidada, em troca de dinheiro, por uma agência de marketing digital mineira chamada Lajoy a promover em seu perfil conteúdo de esquerda.
Segundo Paula, ela aceitou escrever tuítes favoráveis, que eram relacionados a candidatos do PT —Gleisi Hoffmann (PR), presidente nacional da sigla e candidata a deputada federal pelo Paraná, e Luiz Marinho, candidato a governador de São Paulo.
Ao receber uma terceira demanda, desta vez sobre o governador do Piauí, o petista Wellington Dias, candidato a reeleição, ela diz ter percebido, então, que não atuava pelas pautas de esquerda em geral, mas especificamente em favor de candidaturas do PT, o que, afirma, não tinha ficado claro nos contatos com a agência, e se recusou a escrever sobre o piauiense.
Após a sequência de publicações de Paula Holanda, Wellington Dias era o quarto termo mais citado no Twitter no Brasil nas primeiras horas deste domingo (26). “Não tenho nenhuma ligação com o Piauí e não o conheço. Pesquisei rapidamente e pela opinião pública da esquerda, ele aparentemente não foi um bom governador. Li que ele sucateou e militarizou a educação e silenciou mulheres,” afirmou Paula na rede social.
“O que me passaram é que seria uma ação de esquerda, com pautas feministas, negras e LGBT, quando, na verdade, eu sinto estar fazendo uma campanha sem ter sido avisada”, escreveu. A jornalista disse na rede social que receberia quase R$ 1.000 pelo trabalho, mas não especificou se o valor era por tuíte ou pela ação toda.
Segundo Paula, a tareda veio com o seguinte email da agência Lajoy, especializada em marketing em redes sociai: “A intenção da pauta de hoje é divulgar & enaltecer a trajetória e as ações do Wellington Dias, que concorre ao seu quarto mandato de governador no Piauí. Queremos um conteúdo leve, divertido e/ou informativo".
Procurada, a dona da Agência Lajoy, Joyce Moreira Falete Mota, afirmou ter sido contratada, para os meses de junho e julho por uma empresa chamada Be Connected.
Outro lado
O PT ainda não se manifestou sobre o caso.
Joyce Moreira Falete Mota, dona da Agência Lajoy, declarou por email: "Não é surpresa pra ninguém que me acompanha que eu sempre fui de esquerda e sempre fui Lula Livre e sempre fui petista e apoio o PT. A Lajoy existe há 8 anos. Nossa credibilidade foi conquistada com muito trabalho e responsabilidade. Neste caso, não agimos diferente. Temos segurança da qualidade do nosso trabalho e da parceria consistente com nossos clientes e parceiros".
Rodrigo Queles Teixeira Cardoso, dono da Be Connected e assessor parlamentar do deputado Miguel Corrêa (PT-MG), disse que sua empresa repudia "a compra de apoio e fake news".
A assessoria de Wellington Dias disse "que esta não é uma atividade organizada pela campanha" do candidato.