Em uma coletiva realizada nesta segunda-feira (3), o delegado Abimael Silva detalhou o chocante caso de envenenamento de uma família em Parnaíba, litoral do Piauí. O caso envolveu a matriarca Maria dos Aflitos e seu marido Francisco de Assis, ambos presos e acusados de cometer o crime.
Durante a investigação, foi revelado que Maria dos Aflitos tinha um relacionamento amoroso com uma vizinha, Maria Jocilene, que foi a última vítima fatal do envenenamento. De acordo com o delegado, esse relacionamento não era segredo na família. "Era um relacionamento discreto, mas de conhecimento de todos, inclusive de Francisco de Assis", afirmou o delegado. Apesar de ser aceito pela família, o relacionamento não foi considerado o motivo central para os crimes, embora tenha sido um ponto de atenção durante as investigações.
O delegado também revelou detalhes sobre a relação conturbada entre Maria dos Aflitos e Francisco de Assis, que durou cinco anos. Segundo as investigações, Francisco tinha aversão aos filhos de Maria, o que ficou claro ao longo do processo. "O Francisco de Assis odiava os filhos da Maria dos Aflitos", disse.
"E a Maria dos Aflitos continuou com esse homem que odiava os filhos dela, até o último momento. Como ela mesmo disse na confissão dela, que amava o Francisco de Assis. Na última vez que o Francisco de Assis foi ouvido, ele disse que o que queria era reconciliação com a Maria", completou o delegado.
Além disso, a polícia afirmou que Maria Jocilene era a única que se mostrava preocupada com o bem-estar da família e até ajudava financeiramente, comprando alimentos e remédios para os filhos de Maria dos Aflitos. "A Jocilene gostava da Maria dos Aflitos e era a única preocupada com os filhos, netos e com o que a família comia, ela tirava do próprio bolso para pagar remédios, alimentos. Todo dia de manhã, a Jocilene passava na padaria e comprava pão para tomar café da manhã [na casa de Maria dos Aflitos], como foi no dia que aconteceu o último crime", contou Abimael Silva.
Primeiro caso
O delegado explicou que não resta dúvida que os primeiros casos de envenenamento, ocorridos em agosto de 2023, quando dois irmãos morreram, foram praticados por Francisco de Assis. "Maria confessou que o Assis colocou veneno no suco de pacote, da mesma forma que foi no terceiro [crime] no café, e deu para as crianças tomarem. Em menos de meia hora eles começaram a passar mal. E eles chegaram no hospital, depois das 19h, era um horário completamente incompatível com o horário que chegaram com os cajus", disse o delegado.
Segundo caso
Na madrugada do dia 1º de 2025, as investigações apontam que o próprio Francisco, após todo mundo da casa dormir, colocou o veneno no baião de dois que foi consumido pela família no almoço. "A Jocilene chegou por volta de meio dia e disse: 'vamos fazer um arroz'. O Assis disse: 'não, é para aproveitar porque não é para desperdiçar, hoje é dia primeiro e está tudo fechado'", informou o delegado Abimael.
Terceiro caso
Maria dos Aflitos confessou em depoimento à polícia que colocou o veneno no café servido a amante, Maria Jocilene. "Ela mesma bebeu água [após tomar o café] e colocou [o copo] na pia", disse. Ela disse que achou o veneno em um pacote na cozinha, atrás do fogão, e que esse veneno pertencia ao Francisco de Assis.
Maria dos Aflitos afirmou que matou a amante porque achava que assim, Francisco de Assis poderia ser solto. "Eu me arrependo do que fiz, porque eu estava cega. Agora eu sei que ele não é essa pessoa, ele matou meus meninos tudinho".