Pregação do Frei Gilson vira alvo de disputa entre direita e esquerda

O frei Gilson, sacerdote carmelita e fenômeno das redes sociais com suas transmissões de oração durante a madrugada, tornou-se centro de uma disputa política entre grupos de direita e esquerda. Com milhões de seguidores e forte presença digital, o religioso passou a ser defendido por figuras da direita e criticado por setores da esquerda, que o associam a um viés ultraconservador.

A polêmica se intensificou após a militância governista lançar ataques ao frei nas redes sociais, acusando-o de ser um instrumento da produtora Brasil Paralelo, conhecida por seu alinhamento com a direita. Em resposta, parlamentares da Frente Católica na Câmara dos Deputados saíram em defesa do religioso, classificando as críticas como perseguição à fé cristã.

Bolsonaro e conservadores defendem Frei Gilson

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) publicou no X (antigo Twitter) uma imagem do frei sem legenda, o que foi interpretado como apoio ao religioso. Em seguida, reforçou a defesa afirmando que frei Gilson “vem sendo atacado pela esquerda por propagar a palavra de Deus”. O deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), evangélico e um dos parlamentares mais influentes nas redes, também declarou solidariedade ao sacerdote.

"Quão deteriorada tem que ser a alma de uma pessoa que reclama porque alguém está rezando às 4 da manhã?", questionou Nikolas, insinuando que os ataques são motivados pela intolerância religiosa da esquerda.

Críticas da esquerda e embate nas redes

Do outro lado, influenciadores alinhados ao governo Lula alertaram sobre a crescente influência do frei entre católicos e o associaram à extrema-direita. O grupo “Militância Raiz”, que reúne apoiadores do presidente no Telegram, acusou o sacerdote de promover uma agenda bolsonarista e de atuar em parceria com a Brasil Paralelo para “tomar a Igreja Católica”.

A entrevista concedida pelo frei à produtora em outubro de 2024, que atraiu mais de meio milhão de espectadores, foi citada como um dos indícios de sua aproximação com o campo conservador. Além disso, setores progressistas criticam a influência do frei sobre jovens católicos e sua postura em relação a temas sociais, como aborto e diversidade.

A crescente popularidade de frei Gilson e sua absorção no embate político refletem a disputa pelo eleitorado religioso no Brasil. Desde a eleição de 2022, tanto direita quanto esquerda buscam ampliar sua influência entre católicos e evangélicos, cientes do peso desse segmento nas urnas.

A Frente Parlamentar Católica, que reúne mais de 190 deputados, reforçou sua posição contra os ataques ao frei e ressaltou a necessidade de preservar a liberdade religiosa no país. “Seguiremos firmes na defesa do direito de viver e expressar nossa fé sem represálias”, afirmou o presidente da bancada, Luiz Gastão (PSD-CE).