A inflação oficial do Brasil, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), atingiu 1,31% em fevereiro, marcando o maior resultado para o mês desde 2003, quando o indicador chegou a 1,57%. O dado foi divulgado nesta quarta-feira (12) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e mostra que a inflação acumulada em 12 meses subiu para 5,06%, ultrapassando o limite da meta do governo, que varia entre 1,5% e 4,5%.
O principal fator para o aumento expressivo da inflação em fevereiro foi a alta de 16,8% na energia elétrica, que teve um impacto de 0,56 ponto percentual no índice. A elevação ocorre devido ao fim do Bônus Itaipu, desconto concedido na conta de luz em janeiro, que ajudou a segurar a inflação naquele mês (0,16%).
Com isso, o grupo habitação registrou aumento de 4,44%, exercendo o maior impacto inflacionário do período, com 0,65 ponto percentual.
O setor de educação foi outro responsável pelo avanço do índice, com aumento de 4,7% no mês, representando um impacto de 0,28 ponto percentual. O crescimento foi impulsionado pelos reajustes anuais das mensalidades escolares, com destaque para:
Ensino fundamental: 7,51%
Ensino médio: 7,27%
Pré-escola: 7,02%
O grupo alimentação e bebidas apresentou desaceleração na alta de preços. Em fevereiro, a inflação do setor foi de 0,70%, menor do que a registrada em janeiro (0,96%). Os principais impactos vieram do:
Café moído: 10,77%
Ovo de galinha: 15,39%
O aumento no preço do café está relacionado a problemas na safra, enquanto o ovo foi influenciado por maior demanda com a volta às aulas e pela alta nas exportações devido à gripe aviária nos Estados Unidos.
O grupo transportes subiu 0,61% no mês, com impacto de 0,13 ponto percentual no IPCA. O aumento foi impulsionado pelos combustíveis, que registraram alta de 2,89% devido ao reajuste do ICMS:
Gasolina: +2,78%
Óleo diesel: +4,35%
Etanol: +3,62%
A gasolina, por ter maior peso na cesta de consumo das famílias, exerceu o segundo maior impacto individual entre os itens pesquisados pelo IBGE.
Em fevereiro, 61% dos 377 subitens pesquisados apresentaram alta nos preços, um leve recuo em relação a janeiro (65%). No grupo de alimentos, o índice de difusão ficou em 55%.
Energia elétrica residencial: +16,80%
Gasolina: +2,78%
Ensino fundamental: +7,51%
Café moído: +10,77%
Ovo de galinha: +15,39%
Passagem aérea: -20,46%
Cinema, teatro e concertos: -6,96%
Arroz: -1,61%
Leite longa vida: -1,04%
Banana-d'água: -5,07%
Com o IPCA acumulado em 5,06% nos últimos 12 meses, o governo segue monitorando os preços e sua evolução frente à meta de inflação. Se a inflação continuar acima do teto da meta por seis meses seguidos, o Banco Central pode adotar medidas mais restritivas na política monetária para conter o avanço dos preços.