Você já ouviu falar em “roubar galinha” no Sábado de Aleluia? Pode parecer brincadeira, mas essa prática já foi uma tradição real em muitas regiões do interior do Brasil. Embora o nome soe como algo fora da lei, o costume fazia parte do folclore popular e era vivido com espírito de brincadeira, especialmente em comunidades rurais do Nordeste e do Sudeste.
Durante a Quaresma, período de 40 dias que antecede a Páscoa, era comum que os católicos evitassem o consumo de carne vermelha como forma de penitência. No Sábado de Aleluia, que marca o fim desse tempo de sacrifício, o clima de luto começava a dar lugar à celebração da ressurreição. Era nesse momento que surgia o "roubo de galinha", uma forma bem brasileira e irreverente de comemorar.
Grupos de jovens e crianças saíam pelas redondezas, muitas vezes durante a madrugada, para pegar galinhas dos quintais de vizinhos, parentes ou conhecidos. Na maioria das vezes, o "roubo" era consentido ou feito com certo grau de tolerância. O objetivo não era o crime, mas a festa: com as galinhas em mãos, os moradores preparavam grandes almoços coletivos, encerrando a Quaresma com fartura, risadas e música.
Apesar do tom festivo, a prática era tecnicamente ilegal, e com o tempo foi sendo deixada de lado, seja pelo endurecimento das leis, pela urbanização ou pela mudança nos hábitos culturais. Hoje, a tradição sobrevive mais como memória afetiva e curiosidade folclórica.
Ainda que o “roubo de galinha” tenha quase desaparecido, o Sábado de Aleluia segue sendo marcado por outras tradições populares, como a malhação do Judas, que permanece viva em muitas cidades. Enquanto isso, histórias sobre galinhas “sequestradas” e panelas cheias de ensopado continuam sendo contadas com nostalgia por quem viveu esse tempo em que a celebração da Páscoa começava com um pé de molecagem — e uma boa refeição no fim.