Uma auditoria da Controladoria-Geral da União (CGU) revelou um esquema de descontos indevidos realizados diretamente nos benefícios do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), envolvendo sindicatos e associações de aposentados. O levantamento mostra que mais de 97% dos segurados entrevistados afirmaram não ter autorizado os descontos, enquanto cerca de 96% disseram não ser filiados a nenhuma entidade.
A investigação, realizada entre abril e julho de 2024, visitou 1.273 aposentados e pensionistas em todos os estados do país. Desse total, 1.242 (97,6%) negaram ter autorizado qualquer desconto, e 1.221 (95,9%) disseram não fazer parte de associações. Os dados reforçam a suspeita de fraudes sistemáticas praticadas por entidades que vinham recebendo valores mensais descontados diretamente dos benefícios dos segurados.
A Operação Sem Desconto, conduzida pela Polícia Federal em conjunto com a CGU, abriu inquérito contra 11 das 13 entidades investigadas. Os dados preliminares apontam que, entre 2019 e 2024, R$ 6,3 bilhões foram descontados dos benefícios, montante que ainda será detalhado quanto à sua legalidade ou origem fraudulenta.
Veja abaixo as entidades que foram alvo da investigação:
Ambec – Associação de Aposentados Mutualista para Benefícios Coletivos
Sindnapi – Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos da Força Sindical
AAPB – Associação dos Aposentados e Pensionistas do Brasil
Aapen – Associação dos Aposentados e Pensionistas Nacional (ex-ABSP)
Contag – Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura
AAPPS Universo – Associação dos Aposentados e Pensionistas dos Regimes da Previdência Social
Unaspub – União Nacional de Auxílio aos Servidores Públicos
Conafer – Confederação Nacional dos Agricultores Familiares
Apdap Prev
ABCB/Amar Brasil
CAAP – Caixa de Assistência de Aposentados e Pensionistas do INSS
Em nota, algumas das associações citadas afirmaram que irão colaborar com as investigações e reconheceram a necessidade de responsabilização caso sejam confirmados os descontos indevidos. Outras alegam ainda não terem tido acesso ao conteúdo da auditoria e defendem que suas atividades são realizadas dentro da legalidade e de forma transparente.