A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Apostas Esportivas, conhecida como CPI das Bets, ouviu nesta quarta-feira (14) o depoimento do influenciador digital Rico Melquiades, investigado por promover plataformas de jogos de azar nas redes sociais. A oitiva ocorreu no Senado Federal e foi marcada por momentos de tensão e declarações polêmicas.
Durante a sessão, a senadora Soraya Thronicke (Podemos–MS) questionou o influenciador sobre a presença de menores de idade e pessoas em situação de vulnerabilidade entre os seguidores que consomem conteúdos relacionados às apostas. Em sua resposta, Rico alegou que não é sua responsabilidade controlar quem acessa suas publicações.
“Senadora, sobre os menores de idade, eu acho que quem tem a responsabilidade são os pais, e não eu. Eu falo isso porque eu tenho um sobrinho, que mora comigo e tem doze anos, e eu vejo tudo que ele consome na internet”, afirmou o ex-participante de reality shows.
A declaração gerou reações na comissão, especialmente porque a CPI busca entender o papel de influenciadores na promoção de plataformas de apostas ilegais, muitas vezes sem o devido aviso sobre restrições de idade ou riscos financeiros.
Rico Melquiades também foi questionado sobre valores recebidos por contratos de publicidade com empresas do setor de apostas, mas preferiu não divulgar detalhes financeiros, afirmando que a questão está sob orientação jurídica.
A CPI das Bets tem convocado influenciadores, empresários e representantes de plataformas digitais para apurar a possível atuação irregular de casas de apostas online no Brasil, especialmente no que diz respeito à exposição de conteúdos a menores de idade e à indução de comportamento de risco financeiro entre usuários.
A senadora Soraya destacou que, independentemente da intenção, influenciadores com grande alcance digital precisam se responsabilizar pelo impacto de suas ações.
“Se você tem milhões de seguidores, inclusive crianças e adolescentes, não dá para se isentar dizendo que a culpa é só dos pais. Há uma corresponsabilidade quando se promove conteúdo sensível”, afirmou.