'Brasil elegeu o Lula, não foi a Janja', diz Ciro Nogueira sobre atuação da primeira-dama na China

O senador Ciro Nogueira (PP-PI) criticou duramente o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a primeira-dama, Rosângela da Silva, a Janja, em entrevista publicada neste sábado (24) pela revista IstoÉ. Segundo o ex-ministro da Casa Civil do governo Jair Bolsonaro, Janja teria ultrapassado os limites institucionais ao intervir em uma conversa diplomática com o presidente da China, Xi Jinping, durante um jantar oficial na última semana.

"O Brasil elegeu o Lula, não foi a Janja. Então, por mais que você tenha que respeitar o papel da mulher e o papel do homem que está a seu lado, essas pessoas têm que ter um limite", afirmou Ciro. "Essa imagem da pessoa mandada, que não tem autonomia, tem prejudicado muito a autoridade de um presidente da República."

De acordo com o senador, a atuação da primeira-dama durante o encontro com Xi Jinping foi motivo de "constrangimento" para o país. "Passou de todos os limites. Algumas situações constrangeram o país, constrangeram a nossa diplomacia, constrange o próprio presidente, que nessa última vez foi desautorizado e desmentido publicamente pela primeira-dama", declarou.

Entenda o caso

O episódio que gerou a polêmica ocorreu durante um jantar oficial com o presidente chinês, quando Janja teria questionado Xi Jinping sobre possíveis ações para conter o favorecimento da direita pelo TikTok — aplicativo que pertence à empresa chinesa ByteDance. A conversa, que deveria ser reservada, vazou à imprensa, causando desconforto no Palácio do Planalto.

Segundo informações de bastidores, a revelação da fala gerou irritação no presidente Lula, e a suspeita do vazamento recaiu sobre o ministro da Casa Civil, Rui Costa, que mantém uma relação difícil com a primeira-dama.

Na tentativa de conter a crise, Lula assumiu a responsabilidade pelo início do diálogo sobre o TikTok. No entanto, Janja não apenas confirmou que fez o comentário, como também criticou a repercussão do caso e afirmou que "não ficará calada".

A controvérsia reacende o debate sobre o papel da primeira-dama na articulação política e institucional do governo, especialmente em temas sensíveis como política externa. Para Ciro Nogueira, a atuação de Janja reforça uma imagem de fragilidade do presidente. "É uma situação inaceitável sob o ponto de vista institucional", concluiu o senador.