O deputado federal Merlong Solano (PT-PI) defendeu nesta quarta-feira (26) a necessidade de união entre as diferentes correntes que hoje compõem o Partido dos Trabalhadores no Piauí. Em meio às mudanças internas provocadas pela ascensão do grupo político mais próximo ao governador Rafael Fonteles, os chamados “Rafaboys”, Merlong pregou o diálogo e a construção coletiva com os históricos militantes petistas, o chamado “PT raiz”.
A fala de Merlong ocorre em meio a bastidores que indicam insatisfação de setores tradicionais do partido, que reclamam da perda de espaço na gestão de Rafael, com os cargos estratégicos ocupados majoritariamente por nomes ligados ao novo grupo político.
“Essa transição é natural. As lideranças históricas do PT, como eu, que me filiei quando o partido foi fundado em 1980, já passam dos 60 anos. O tempo chega. O Wellington Dias teve a sagacidade de escolher um jovem muito preparado para liderar essa nova fase. Eu não invisto nas diferenças entre os Rafaboys e os históricos. Invisto nos pontos de encontro, que são muitos”, afirmou o deputado.
Para Merlong, a chave do fortalecimento do PT está na soma das experiências. “De um lado, nós temos mais sensibilidade para as questões sociais, foi de onde viemos. De outro, a juventude está mais preparada para enfrentar os novos desafios. É preciso juntar os dinossauros com a turma da camisa branca. Juntos somos fortes, separados nos enfraquecemos”, declarou.
Além da discussão sobre a composição interna do PT, Merlong também abordou a sucessão estadual e a montagem da chapa majoritária para 2026. Para ele, tanto a escolha da vice quanto da suplência ao Senado devem ser tratadas com estratégia e timing político.
“É questão de bom senso deixar para decidir quem será a vice mais perto da hora H. Isso permite avaliar quem soma mais, se há aliados importantes insatisfeitos que precisam ser contemplados. A vaga de vice pode ser um atrativo político”, avaliou.
O parlamentar também destacou que, no Piauí, a primeira suplência ao Senado se tornou um espaço de grande relevância. “A Regina Sousa foi senadora por quatro anos. A Jussara [Lima] está sendo senadora e tudo indica que será por pelo menos quatro anos. Como Lula é fortíssimo candidato, há possibilidade dela ser senadora por oito anos. A suplência virou algo estratégico, nem precisa mais morrer para assumir”, ironizou.
Questionado se as mudanças no partido e a ascensão de novos grupos podem comprometer sua reeleição, Merlong foi enfático: “Na política não existe entregar espaço ao outro. É um processo de conquista e crescimento contínuo. Caminhei 40 anos com o PT para chegar até aqui. Enquanto eu me sentir em condições de contribuir, estarei à disposição do partido”.
Merlong Solano, que já foi secretário de Governo e ocupou diferentes funções na administração estadual, reafirma seu compromisso com o projeto coletivo e rechaça disputas internas que dividam o partido. “Esse processo não é de ruptura, é de transição. E precisa ser feito com maturidade, espírito de unidade e foco no que mais importa: seguir transformando o Piauí com um projeto de inclusão e desenvolvimento”, concluiu.