A Polícia Civil do Piauí concluiu o inquérito sobre o assassinato de Maria Victória Rodrigues dos Santos, de 15 anos, ocorrido em março deste ano no município de Itaueira, a 344 quilômetros de Teresina. O padrasto da vítima, R.S. G, foi formalmente indiciado pelos crimes de feminicídio e aborto provocado por terceiros.
Inicialmente ouvido como testemunha, o padrasto foi apontado como autor do crime após uma série de laudos técnicos e diligências. A investigação identificou inconsistências no álibi apresentado por ele. Dados de localização telefônica contradisseram a versão de que ele não estaria no local no momento do crime, reforçando a suspeita de envolvimento direto.
Durante o processo, pertences do investigado foram apreendidos, incluindo uma motocicleta submetida à perícia. Embora vestígios de sangue tenham sido encontrados no veículo, o material biológico não corresponde ao da vítima. Mesmo assim, as demais provas reunidas pela equipe policial foram consideradas suficientes para indicar a presença de Ramon na cena do crime.
O suspeito teve prisão temporária decretada no dia 30 de maio. No último sábado (29), a Justiça converteu a detenção em prisão preventiva, e ele permanece sob custódia enquanto aguarda o andamento judicial.
A investigação também destacou a frieza do acusado, que continuou convivendo normalmente com a mãe da vítima após o crime. A adolescente foi morta de forma extremamente violenta, sem qualquer chance de defesa. O laudo cadavérico revelou lesões graves, incluindo perfurações no coração e no pulmão, além de afundamento craniano.
Um dos elementos que reforçaram a autoria foi uma pegada ensanguentada encontrada no local, compatível com o número do calçado do acusado (tamanho 41/42). A partir desse e de outros elementos, a polícia voltou a ouvir testemunhas próximas à vítima, incluindo a mãe.
A motivação apontada pela investigação está relacionada à gravidez de Maria Victória, que teria interrompido planos pessoais do acusado com a mãe da adolescente. O relacionamento do casal já enfrentava conflitos e, segundo apurado, havia insatisfação do padrasto com o ex-namorado da jovem, pai do bebê que ela esperava. Ele demonstrava resistência à possibilidade de o rapaz se aproximar da família ou morar na casa recém-construída pelo casal.
Apesar de todas as evidências reunidas, o indiciado negou a autoria do crime em depoimento. A polícia, no entanto, concluiu o inquérito com elementos considerados suficientes para o indiciamento e aguarda agora os próximos passos do processo judicial.