Uma sandália da coleção masculina primavera/verão 2026 da grife italiana Prada tem gerado polêmica nas redes sociais por suposta apropriação cultural. O modelo, batizado de "Toe Ring Sandals", lembra as tradicionais Kolhapuri chappals, calçados centenários produzidos artesanalmente na Índia. Apresentada recentemente em Milão, a peça tem visual minimalista e é vendida por mais de R$ 5 mil — o que gerou indignação entre usuários da internet, que destacam o apagamento das origens culturais do design.
O debate se intensificou com o silêncio da marca, que não mencionou as comunidades artesãs indianas responsáveis pela criação original. Perfis especializados em moda criticaram a ausência de créditos e o preço elevado da peça. “Não se trata apenas de calçados, é a nossa identidade. Parem de roubar nossa arte”, escreveu um internauta indiano. A acusação de apropriação cultural recai sobre a prática comum de marcas de luxo que transformam elementos tradicionais em artigos de luxo sem dar visibilidade ou retorno às culturas de origem.
A polêmica também ganhou repercussão no Brasil. Internautas apontaram semelhanças entre a sandália da Prada e modelos de couro vendidos em feiras populares do Nordeste. Com estética rústica e preço entre R$ 50 e R$ 150, essas sandálias são parte da cultura sertaneja e da identidade de estados como Piauí, Pernambuco e Paraíba, mas enfrentam a invisibilidade diante da valorização de peças semelhantes assinadas por grifes internacionais.
O caso reacende discussões sobre o respeito à propriedade cultural e o reconhecimento do trabalho de comunidades artesãs. Sem pronunciamento oficial da Prada até o momento, o episódio levanta questionamentos sobre os limites entre inspiração e exploração no universo da moda de luxo.