FOCO NA POLÍTICA - Direto de Brasília
Jornalista Milton Atanazio Jornalista, comunicador, árbitro judicial, consultor diplomático, cônsul honorário da Bielorrússia, editor da Revista VOX e Publisher da BrazilianNEWS.(61) 98191-9906
Foi tenebrosa a manobra para a aprovação do aumento de 16,38% aos ministros do STF, concedido pelo Legislativo e sancionado por Michel Temer, enquanto o reajuste do salário mínimo foi de 2% e o País enfrenta a mais aguda e severa crise econômica da sua história. Causará o malfadado efeito cascata superior a R$ 6 bilhões, pela extensão ao restante do Judiciário.
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Demonstra completamente o corporativismo dos Poderes e, acima de tudo, os interesses particulares de seus representantes, que pouco se importam com o restante da população, que devem considerar como um bando estúpidos de boçais.
Para piorar, nem o bode malcheiroso do auxílio-moradia será retirado, como mostra a mobilização das diversas associações de “classistas” do Judiciário para exigir sua manutenção. Tudo isso ajuda a explicar por que as instituições estão tão desacreditadas e nos leva a perguntar se o próximo governo, com o monte de generais que estão sendo nomeados, será capaz de desarmar por bem essa armadilha em que o País está aprisionado.
A aprovação desse pavoroso aumento, num momento de dificuldade de milhões de brasileiros, entre os quais quase 13 milhões de desempregados e outros tantos milhões na informalidade, sem perspectiva de dias melhores, foi uma medonha agressão ao País, que trabalha sem descanso para sair da pior crise econômica.
Toda essa maquiavélica orquestração política e jurídica é um tapa na cara de todos nós, brasileiros, pobres mortais responsáveis pelo pagamento dos salários de toda essa casta.
O saldo do assustador ato de aprovação no Senado contabilizou 41 senadores, entre os quais 25 não conseguiram um novo mandato nas últimas eleições e desprezaram suas responsabilidades. O próprio articulador da manobra vexatória e vergonhosa, o presidente do Senado, Eunício Oliveira, é um dos derrotados de outubro. E, como vários de seus pares, é também alvo da Justiça por maus feitos.
O governo Michel Temer, que tinha nas mãos a correção de uma das inúmeras injustiças para com a maioria dos brasileiros, ou seja, poderia ter vetado o apavorante aumento dos salários dos ministros do STF, com suas catastróficas implicações, não o fez. Passou batido e fechou com chave de ouro, ironicamente no sentido negativo. Buscou um fim melancólico de um vice-presidente em exercício. Aliás ninguém acreditava muito que iria negar essa benesse a seus futuros julgadores, após deixar a presidência. Talvez o que pode ter influenciado sua atitude são os quatro processos que terá de enfrentar fora do governo.
Uma sinistra e ardilosa operação aconteceu e foi transparente aos olhos da população, sem maquiagem inclusive. O aumento salarial dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) foi sancionado por Michel Temer. Imediatamente, o ministro Luiz Fux revogou o auxílio-moradia, num simbólico caso de "operação casada". Todavia, o horripilante aumento se projetará num efeito cascata, onerando o próximo governo em mais de R$ 4 bilhões anuais e terá repercussão nas demais categorias de servidores de todos os níveis, seja federal, estadual ou municipal.
Pobre do país onde os Poderes se mancomunam por interesses próprios. Resta-nos a indignação, o repúdio e a conta salgada para pagar!