Lí recentemente um artigo do amigo jornalista Edgar Lisboa que faço questão de passar para os leitores da minha coluna no Portal R10, por ter uma análise coerente da situação da Venezuela e mostra o verdadeiro vice-presidente Hamilton Mourão. Obrigado pelo texto.
Vai lá...
Hamilton Mourão, água fria nos belicistas
A atuação firme e elegante do vice-presidente Hamilton Mourão na reunião do Grupo de Lima, em Bogotá, foi um balde de água fria nos intensões dos belicistas que defendiam uma ação militar para obrigar o presidente Nicolás Maduro a permitir a entrada na Venezuela da ajuda humanitária enviada pelos Estados Unidos. Mourão foi duro com o ditador, mas descartou o uso da força para mudar o governo de Caracas. Em resumo, manteve o posicionamento de não intervenção em assuntos internos de outros países, política externa tradicional do Brasil nestes casos, desde os tempos do Barão do Rio Branco.
De “Brucutu” a diplomata
O general Mourão havia sido apresentado à mídia internacional, lá nos idos da campanha eleitoral, como um brucutu blindado. Entretanto, revelou-se um diplomata sofisticado, com palavras medidas. A comunidade internacional esperava uma fala contundente de apoio ao presidente norte-americano Donald Trump. Essa expectativa era baseada nas cenas do dia anterior, em que o chanceler brasileiro, ministro Eduardo Araújo, aparecera na fronteira ao lado do encarregado de negócios (embaixador de fato) dos Estados Unidos, Willian Popp, e da representante do governo rebelde Maria Teresa Belandría, como se estivesse abrindo caminho para uma entrada hostil em território venezuelano.
Afastando os ventos de guerra
No exterior a fala de Mourão foi um anticlímax, pois esperava-se erroneamente que, ao entregar o comando da missão diplomática a um general tido como radical, o Brasil subiria um degrau, alinhando-se automaticamente com os Estados Unidos. Mas foi o contrário. O general gaúcho foi o diplomata de punhos de renda que afastou os ventos de guerra da América do Sul.
Influência na política externa
Neste sentido, esta coluna já previa, ainda nos tempos da campanha eleitoral, que num futuro governo Jair Bolsonaro os militares teriam grande influência na política externa. Repórter Brasília dizia, então: “a participação dos generais Hamilton Mourão e Augusto Heleno no futuro governo significa que a política externa poderá ter grande relevância na administração federal. Os dois têm em seus currículos atuações relevantes na área internacional. Heleno foi comandante no Haiti e Mourão na África. Esses são apenas dois exemplos da importância da participação de brasileiros em forças de Paz das Nações Unidas.
Projeção política do Brasil
Somente o Itamaraty, com seu corpo de diplomatas profissionais, tem tamanha relevância quanto as Forças Armadas na projeção política do Brasil no Exterior. Em números, desde 1956, quando o Brasil mandou seu famoso Batalhão Suez para integrar a força de paz das Nações Unidas encarregadas de separar as tropas de Israel e Egito, mais de 50 mil militares brasileiros das três armas estiveram em operações armadas no Exterior”.
Saída Honrosa
Deve-se ressaltar que Mourão ofereceu a Nicolás Maduro a possibilidade de uma saída honrosa. Esta possibilidade poderia ser a anistia aos envolvidos nos governos bolivarianos e a mediação do Papa Francisco. Neste caso, o ditador venezuelano pediria uma licença da presidência até que Sua Santidade dessa sua arbitragem.