Durante as eleições as pessoas se mobilizam, escolhem os seus candidatos, fazem campanha, e como em qualquer outra cidade do interior, as brigas políticas são muito comuns. Não é difícil encontrar, inclusive, casos de conflitos entre eleitores por causa de candidato A ou B.

Acontece que passada a eleição, toda aquela euforia, preocupação e tensão morrem no primeiro dia após a escolha dos candidatos, o que é ruim para a coletividade e bom para os políticos. Sabendo que o povo não tem interesse em participar das decisões que irão influenciar diretamente os seus dias, eles se aproveitam (e com razão) para tomar essas decisões por todos nós.

Vista parcial da cidade de Cabeceiras do Piauí. (Foto: Antonio Carlos Lima).
Vista parcial da cidade de Cabeceiras do Piauí. (Foto: Antonio Carlos Lima).

Para ilustrar um pouco do nosso desinteresse em relação à política, vamos citar duas situações, como exemplos, para que seja feita uma breve análise:

A pequena participação dos eleitores nas sessões da Câmara Municipal de Cabeceiras, onde são debatidos vários temas relacionados à educação, à saúde, à segurança pública, à cultura, ao esporte e lazer, de interesse dos funcionários públicos e da sociedade em geral. É no Poder Legislativo que são discutidos assuntos que mexem com a vida de cada um de nós. Nem mesmo a sessão solene por ocasião das comemorações do aniversário de 26 anos do município foi capaz de atrair olhares e ouvidos curiosos do povo que votou e elegeu os que discursaram. Esperava-se que a sala de sessões ficasse lotada, até mesmo o pátio externo, o que não aconteceu. Cadeiras vazias e espaço livre não faltaram naquela manhã de domingo de 29 de abril de 2018. Será que os debates na Câmara (nas sessões normais) não conseguem despertar o interesse dos cabeceirenses como acontece durante a campanha eleitoral?

Outro exemplo claro: a pequena adesão das pessoas ao movimento liderado pela Caravana Lula Livre Piauí ao passar pela cidade de Cabeceiras também em abril do ano passado. Era de se esperar a participação de centenas de pessoas em uma cidade que deu a maioria esmagadora de votos à presidente Dilma Rousseff na sua reeleição de 2014 e parece ser uma defensora ardorosa do PT e de Lula nas redes sociais. O que se viu na rua foi o contrário. Alguns se limitarem a observarem das portas de suas casas ou mesmo na rua, a certa distância, o ato político que ali ocorria, demonstrando uma certa indiferença com a política e suas manifestações.

Talvez seja pelo fato de a cidade não contar com movimentos populares de rua, seja de esquerda ou de direita, nem movimentos de protestos e reivindicações, mas por que não há? As poucas manifestações ficam restritas às redes sociais, de acordo com as conveniências de cada um. Talvez a resposta definitiva para tudo isso, certamente, seja porque não temos, de fato, o hábito de participar dos movimentos políticos em qualquer período, e os que ainda participam para defender um candidato ou uma ideologia, de 4 em 4 anos, talvez o fazem principalmente porque têm algum interesse pessoal na vitória do seu candidato.

*Por Frank Rocha. (Correspondente do Portal R10 do município de Cabeceiras do Piauí. Bacharel em Ciências Contábeis e Técnico em Serviços Públicos. Atualmente é atendente comercial de Correios e cursa WebJornalismo via EaD.)