Governo cede para aprovar reforma na CCJ; Olavo ataca militares e Bolsonaro recua. Jornais de terça (23)
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Diante da resistência da oposição e da possibilidade de atraso na aprovação da proposta de reforma da Previdência, o governo cedeu à pressão e aceitou retirar quatro pontos da proposta que tramita na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara. A expectativa do governo é de que o texto seja aprovado pela Comissão nesta terça (23) para ser encaminhado à comissão especial que analisará a proposta.
O Globo enfatiza que os quatro pontos que serão retirados não afetam a meta estabelecida pelo governo de economizar R$ 1 trilhão em 10 anos com a reforma nem o plano de retirar da Constituição os parâmetros sobre a aposentadoria. Apesar disso, o matutino carioca ressalta que uma das mudanças vai tirar do Executivo a competência exclusiva para propor alterações do sistema de previdência no futuro. Segundo O Globo, as emendas já foram negociadas com o relator da proposta na CCJ, deputado Marcelo Freitas (PSL-MG).
CCJ retoma análise da proposta da reforma da Previdência nesta terça-feira (23)
Bom Dia Brasil ( ASSISTA O LINK) https://globoplay.globo.com/v/7560959/
Ao blog G1, o secretário de Previdência, Leonardo Rolim, garantiu que a expectativa do governo continua sendo a de manter a meta de economia estabelecida pelo ministro Paulo Guedes de R$ 1 trilhão. Ele disse que o Congresso sabe da importância do impacto financeiro da proposta para o equilíbrio fiscal.
Depois de emitir parecer favorável à aprovação integral da proposta, o deputado fará as alterações em seu voto para submeter às Comissão. O Globo afirma, ainda, que nos bastidores o governo também já admite liberar emendas parlamentares e cargos para aliados nos Estados em troca da vitória em relação à reforma. "Por votos, governo cede, mas mantém a meta da reforma", destaca a manchete do Globo.
A Folha de S.Paulo também repercute a decisão do governo e revela que a votação da proposta na CCJ estava ameaçada pela resistência do centrão em relação ao sigilo das informações que embasaram a reforma imposto pelo Ministério da Economia. De acordo com o matutino, os quatro pontos que seriam retirados são:
Fim da multa de 40% do FGTS nas demissões sem justa causa de aposentados que permanecem trabalhando e abrem mão da contribuição de 8% a partir da aposentadoria;
A possibilidade de alterar a idade máxima de aposentadoria compulsória por meio de projeto de lei;
A determinação de que a Justiça do Distrito Federal seria a responsável por julgar todas as ações contra a reforma; e\
E o dispositivo que dava ao Executivo a competência exclusiva para propor alterações na reforma.
"Governo aceita mudar texto para votar Previdência hoje", diz a manchete da Folha.
O Estado de S.Paulo afirma que, com a decisão de retirar os quatro pontos, tomada após negociação com partidos do centrão, o governo espera que a CCJ aprove a proposta nesta terça-feira (23). Nesta segunda-feira (22), o líder da oposição na Câmara, Alessandro Molon (PSB-RJ), recorreu à Justiça Federal com um mandado de segurança exigindo que o governo divulgue as informações que embasaram a construção da proposta da reforma.
O Ministério da Economia classificou como sigilosos os estudos e pareceres técnicos da reforma. Numa tentativa de não atrasar a votação na CCJ, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), escreveu nas redes sociais que o governo vai divulgar as informações na quinta-feira (25). "Governo atende Centrão e espera que CCJ vote reforma", sublinha o título principal do Estadão.
Em meio à confusão no Congresso, o presidente Jair Bolsonaro teve que agir para tentar conter o mal-estar gerado pela publicação de um vídeo no qual Olavo de Carvalho critica militares. O Globo, a Folha e o Estadão dão destaque ao assunto na primeira página e explicam que, na noite de sábado (20), um vídeo de Olavo de Carvalho dizendo que os militares só fizeram "cagada" e "entregaram o Brasil aos comunistas" foi publicado no perfil de Bolsonaro nas redes sociais.
O Globo lembra que Carlos Bolsonaro administra as redes sociais do pai mas, ao ser questionado sobre a autoria da publicação, o Planalto afirmou que o presidente é responsável "por todas as ações" realizadas em suas mídias sociais. Após a divulgação do vídeo, militares começaram a pressionar o presidente para que ele declarasse publicamente que não concorda com as falas de Olavo.
Para tentar conter o mal-estar, o porta-voz da Presidência, Otávio Rêgo Barros, leu uma nota em que o presidente afirma que as recentes declarações de Olavo "não contribuem para a unicidade de esforços e consequente atingimento de objetivos propostos no projeto de governo".