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Jornalista, radialista e redator publicitário apaixonado pelas letras. Comunicador há 35 anos.
Geral Pandemia
18/04/2020 12h23 Atualizada há 5 anos
Por: Redação

O SUSto DE TEICH

No campeonato pela vida, não importa jogar bonito. Basta vencer as partidas. O time ia bem, marcando um gol após o outro. Com uma equipe azeitada, com tática simples, quase simplória, fazendo o óbvio, mas trazendo o resultado esperado para casa.

Com a estratégia feijão com arroz, dentro das limitações impostas pelas muitas dificuldades enfrentadas, o ex-titular da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, ia sobressaindo-se mais que o dono do time. O brilho do ministro cegou o presidente e a inveja deu de olé no ego inflado, infectando-o. A reação impensada fez com que marcasse um gol contra.

O SUSto DE TEICH

Caiu o técnico, o time se espalhou e o novo treinador, Nelson Teich, não conhece o terreno onde acontece a peleja. Sem um time formado, vai ter que improvisar, escalando um elenco arrumado encima da hora para enfrentar um gigante invisível. A arrogância do cartola, que do alto de sua desinteligência, acha que pode inferir e alterar o resultado do jogo conforme o seu desejo, leva a seleção para a lanterna.

A camisa que vestia a equipe foi trocada juntamente com o grupo de atletas. O proprietário, sorrindo de nervoso, não tem mais o apoio da torcida, que esbraveja suas insatisfações batendo panelas nas janelas. Na analogia futebolística, a troca no meio do certame mostra como a sensatez é inimiga da empáfia.

 

Teich não sabe treinar time grande

No ramo empresarial, o médico oncologista Nelson Luiz Sperle Teich, é um vencedor. Suas ações exitosas o precedem como um belo cartão de visitas, todavia, sua experiência no setor público é zero. Em meio a pandemia que se alastra pelo país, tem um desafio de dimensões continentais como é o Brasil.

O Sistema Único de Saúde, diferentemente do setor onde Teich atua com maestria, que se pauta pelo lucro dos serviços médicos, visa ampliar o atendimento com maior índice de resolutividade à população que não tem acesso aos planos de saúde. Sua expertise como consultor em Economia da Saúde, segmento que tem doutorado pela Universidade de York (Reino Unido), não vai adiantar muita coisa.

O gigante SUS está de joelhos perante ao inclemente novo coronavírus. Quedado pelo colapso no sistema de saúde, que mostra sua cara medonha, iniciando nos estados do Amazonas e Ceará. E alastrando-se para pontos críticos nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo. Teich entra no Ministério da Saúde no início dos momentos mais tensos que vamos viver nos próximos dias.

Mandetta saiu com quase 80% de aprovação da população. Sabiamente, tirou o time de campo antes da derrota fragorosa prevista para iniciar sua goleada em pouco tempo. Resta a Teich administrar um caos sem ao menos ter tempo para mergulhar na busca do conhecimento de funcionamento do complexo SUS. Tempo é tudo o que não se tem agora.

 

Escolha de Sofia

Enquanto era anunciado como o substituto de Mandetta, na última quinta-feira, 16, no Palácio do Planalto, simultaneamente começou a circular vídeo em que Teich fala sobre a decisão de privilegiar uma vida jovem a uma idosa, em momento cabal. A repercussão foi avassaladora.

Coadunando com as ideias do presidente, que tem mostrado pouca ou nenhuma empatia com as pessoas de idades mais avançadas, que estão no grupo de risco da covid-19, a conta saiu caríssima ao novo gestor, que apenas dá seus primeiros passos no terreno escorregadio da política.

Claro que o vídeo trata de uma situação em que pacientes oncológicos (especialidade de Teich) estão na disputa pela vida, com a condição de só haver atendimento para um deles. Embora o contexto tenha se ampliado e aplicado de forma generalizada, serviu aos insatisfeitos com a troca no MS antipatizarem o novo ministro de chegada.

 

Sem trânsito no parlamento

O perfil técnico de Teich limita suas ações no âmbito parlamentar. O oposto de Mandetta, que conhece o ambiente por dentro como deputado. O trânsito está fechado para o novo ministro. Ambos os presidentes das casas parlamentares, Câmara e Senado, são do DEM, o mesmo partido do ministro demissionário.

Com o desgaste das relações entre Executivo e Legislativo, que chegou ao nível máximo de tensão, a tessitura de um bom relacionamento está fora de cogitação. A oposição já assanha-se em convocar o ministro para sabatiná-lo brevemente. A retórica dos parlamentares adversários do governo pode fazer estragos na imagem da nova gestão da Saúde antes mesmo que ela proponha as suas primeiras ações.

Com o orçamento nas mãos, Câmara e Senado ditam as regras e regulamentam o que é prioridade. Qualquer desenvolvimento de política pública para enfrentar o corona tem que passar pelo crivo de deputados e senadores.

Chegando e encontrando as portas fechadas, Teich inicia sua administração com nada nas mãos e bolsos vazios. Embora os parlamentares tenham demonstrado abertura total e prioridade ao combate da pandemia. Mas dizer é uma coisa e fazer é outra. Tudo vai depender se demonstrar estar disposto a rezar na cartilha de Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre.

 

Empossado para fazer nada

Sem tempo para tomar pé da situação, com a chave do cofre fora de seu poder, sendo obrigado a seguir o plano estratégico da gestão anterior, tecnicamente, Teich chegou para fazer nada ou muito pouco. Mandetta saiu, mas deixou seu substituto amarrado pelos pés e pelas mãos. Impotente, terá que recorrer ao antecessor para abrir as portas.

A grande missão do ministro é atender ao presidente em sua pressa para abrir o comércio com urgência. Indo de encontro ao que já disse e deixou registrado em artigo, concordando com as medidas de isolamento. Para isso, terá que jogar sua reputação no lixo e desdizer o que já manifestou anteriormente.

Para fazer as vezes de mordomo do Planalto, atendendo aos anseios do presidente, Teich terá que negar suas convicções e bater de frente com o que orientam as autoridades sanitárias mundiais. Entre a cruz e a espada, de todas as formas, sai perdendo.

Se servir o menu que Bolsonaro quer, bate de frente com a população, a Organização Mundial da Saúde, o parlamento e o Judiciário, que deixou claro que estados e municípios têm a autonomia para determinar as regras de fechamento ou relaxamento da quarentena. Após derrota maior que para a Alemanha, o Brasil do presidente levou um chocolate de 9 x 0 no Supremo Tribunal Federal. Lá ele não tem a mínima chance.

Caso siga a razão sanitária que o mundo sensato tem escolhido para o combate ao vírus, entra em conflito com o chefe e vai conhecer o lado mais hostil da Presidência. Isso se Jair não promover mais aglomerações em suas saídas fortuitas pelos arredores da capital federal. Neste caso, Teich vai se calar ou vai criticar o PR?

Um mês após o anúncio da primeira morte por covid-19 no Brasil, oficialmente, o MS apontou ontem, 17, que chegamos a quase dois mil óbitos. A ascendência da curva da morte e dos contágios só tende a empinar verticalmente. Como enfrentar o desmanche da quarentena horizontal a estas alturas do campeonato?

Para finalizar, a face assustada do ministro em sua posse e seu discurso cheio de curvas para evitar melindres com Bolsonaro denunciam que anda em terreno minado. Qualquer passo em falso e a chama da fritura será acesa, caindo em desgraça entre os seguidores do presidente, que levam um alvo selecionado pelo Gabinete do Ódio do céu ao inferno com apenas uma hashtag nas redes sociais. Teich entrou numa grande roubada e ainda não se deu conta que para arruinar um belo currículo basta não fazer nada.

 

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