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Brasil Pandemia
10/05/2020 15h15 Atualizada há 3 anos
Por: Willian Tito

FELIZ DIA DAS MÃES PARA QUEM?

Neste domingo, 10 de maio de 2020, eu podia escrever um texto leve e amoroso sobre o Dia das Mães. Eu devia fazer isso, mas não posso. Não consigo parar de pensar nos 10.627 brasileiros e brasileiras que perderam a luta pela vida para a covid-19, segundo dados do Ministério da Saúde de ontem, 9. O mais doloroso é saber que são números subnotificados. É muito, muito mais.

Entre os vitimados, mães, avós e bisavós. Entre as mulheres, meninas que não puderam ser mães. Entre as mães, as que tiveram seus bebês recém-nascidos levados. Quantas famílias enlutadas devem estar sofrendo pelo dia de hoje? Suas matriarcas não podem receber as homenagens que as fazem sagradas.

Dia das Mães em tempos de pandemia
Dia das Mães em tempos de pandemia

Em muitos lares, mesmo com a limitação imposta pela quarentena, haveria bolos, almoços caprichados e até churrascos. Churrasco não fake. De verdade. Sem pegadinha. Sem piadinha mórbida de péssimo gosto. O deboche ganha um corpo monstrengo, medonho, quando não tem graça.

 

Bandeira à meia-haste

Enquanto a bandeira brasileira no Supremo Tribunal Federal e no Congresso Nacional está a meia altura em luto oficial há dois dias, no Palácio do Planalto vemos “o lábaro que ostentas estrelado” da indiferença tremulando no ponto mais alto.

Parece que não está acontecendo nada para o poder Executivo. Mais de 10 milhares de cidadãos nascidos nesta terra foram enterrados em caixões lacrados porque os protocolos não permitem velórios. Seus familiares sofrem a dor da perda e ainda são afrontados pela impassibilidade da liderança governamental.

É um simbolismo muito significativo. Ao tempo em que mostra o descompasso entre os poderes, também indica o desprezo pelas preciosas vidas de seus compatriotas. Patriotas? Palavra doce na boca dos apoiadores do chefe da nação, não é? Os que se foram não eram?

 

“Dos filhos deste solo és mãe gentil”

A pátria amada, que indica tanto amor por sua prole no Hino Nacional, não tem recebido a mesma manifestação de quem a representa. Ao contrário, uma sequência de declarações do presidente soam como insultos aos brasileiros. “Fantasia”, “Histeria”, “É só uma gripezinha”, “Não sou coveiro”, “E daí?”, entre outras, marcam a tormenta que atravessamos.

Visivelmente mais preocupado com os CNPJs do que com os CPFs, Jair Bolsonaro leva poderosos industriais em visita acintosa ao STF para cobrar o afrouxamento das medidas restritivas da quarentena. Como se o Supremo pudesse decidir pelos Estados e municípios. Uma pressão barata de quem joga para a plateia. Felizmente, é uma claque cada vez menor.

A insistência em negar a gravidade do avanço da covid-19 bate de frente com os números. As ocorrências, a cada dia mais dramáticas aos enfermos que buscam tratamento e não encontram atendimento por causa do sistema de saúde colapsado, chocam-se com o teatrinho dos seguidores ensandecidos de Bolsonaro que dançam com caixões.

Quem ama se isola

Filhos que enterram mães. Mães que enterram filhos. Netos que enterram avós. Avós que enterram netos. Imagine os corações dilacerados de milhares de casos que amplificam-se pelo país. O pesar neste domingo das mães atípico confronta a alegria de quem tem suas progenitoras com saúde.

O que nos resta neste dia é desejar aos entes que perderam suas mães que encontrem conforto. O povo brasileiro, em sua maioria, é solidário e exercita a compaixão. Unidos, seguindo as orientações das autoridades sanitárias, vamos nos manter atentos para preservar a todos.

Estamos chegando no pico dos contágios. Já são mais de 700 óbitos por dia. A previsão é que os números aumentem. As restrições de circulação também vão ficar mais severas. O bom conselho é atender o que for necessário cuidando de nossas mãezinhas para que a gente não precise chorar no próximo Dia das Mães.  

 

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