Monsenhor Gil cidade a 70 Km de Teresina, tem sua origem ligadas às ações religiosas da Igreja Católica. Primeiro, o município foi Vila Menino Deus de Natal do Piauí, depois Povoado Natal e, em 1963, foi emancipado e ganhou o nome de um dos padres mais influentes da história piauiense.
“No ano de 1850 nasce Raimundo Gil da Silva Brito. Por conta da sua história, tornou-se conhecido Monsenhor Gil. Sua influência foi tanta para o Piauí que foi considerado um dos homens mais inteligentes da região. Ele contribuiu imensamente para a vinda da Diocese piauiense”, explicou o professor Jorsmar Venção.
Na cidade tem a Igreja Matriz Menino Deus que levou 24 anos para ser construída e é um dos cartões postais de Monsenhor Gil. No local, há mistérios. Nela existem lápides de famílias importantes que contribuíram para cidade, como a do próprio Monsenhor Gil.
“Antes da construção da igreja foi retirado todos os restos mortais. Mas em um desses momentos, foi encontrado o corpo de uma senhora, que estava intacta. Não temos o nome dela, mas o corpo estava mumificado. Acredita-se que ela era tão ruim, que a terra não quis o corpo dela. A igreja deu o veredito de que ela deveria ser colocada em um morro. A história deu origem ao Morro do Cruzeiro”, contou o professor.
O Morro do Cruzeiro é uma das rotas obrigatórias de religiosos e turistas. Para ter acesso ao topo foi construído uma escadaria de 360 degraus. A vista dá acesso a toda o município de Monsenhor Gil. No local é desempenhado atividades de cunho religioso, como a abertura do festejo de maio. Essas atividades no morro só são permitidas devido a escadaria.
Na zona rural do município, há uma caverna com registro de 12 mil anos. No lugar contém registros de povos nativos, como desenhos e marcas.
“Foi percebido todo esse material riquíssimo nesse sítio. E muito pequeno, mas aconchegante, dando condição de nativos aqui. Eles deixaram marcas. Temos rastros, desenhos, cúpulas. Não se sabe se são calendários ou contagens”, comentou.
A caverna passou a ser objeto de estudo de Sônia Campelo, professora do curso de Arqueologia da Universidade Federal do Piauí (UFPI). Em suas observações, apesar de não saber a data exata, é inegável que houve passagem de humano no local.
“Ali nós descobrimos um sítio arqueológico de artes rupestres, com o auxílio de moradores locais que nos levaram até ele. No sítio há gravuras, os tipos mais frequentes de representação são círculos, lagartos, pegadas. É a prova de que a região já foi ocupada, ou já era ocupada desde muito antes do período que a gente chama de colonização. Apesar de não saber a exata datação, é certo que aquele local tem alguns milhares de anos", revelou.
Em Monsenhor Gil também é registrado o ponto turístico chamado de Poço Azul. A beleza natural é composta por uma água cristalina rodeada por uma mata fechada que deságua no Rio Poti.
“Poço azul é uma nascente do riacho que banha daqui até o Rio Poti. Muita gente se beneficia das águas. Quando descoberto uma beleza natural, atrai pessoas com mentalidades ecológicas diferentes e que transformou muito o local. Mas ainda assim, o lugar encanta”, declarou a bióloga Antônia Sobrinho.
Morro do Cruzeiro, no município de Monsenhor Gil, no Piauí — Foto: TV Clube