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24/10/2021 11h13
Por: Redação

Mortes de gestantes e puérperas mais que triplicaram em decorrência da Covid-19

O número de mortes maternas por Covid mais que triplicou em 2021. Dados do Observatório Obstétrico Brasileiro (OOBr), mantido pela Universidade de São Paulo (USP) e pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), mostram que pelo menos 1.455 gestantes e puérperas tiveram óbitos por coronavírus registrados de 1º de janeiro a 20 de outubro deste ano. No ano passado, foram 460. Nessa esteira, a taxa de mortalidade materna disparou de 6,7% em 2020 para 12,6% neste ano.

Esse salto expõe os maiores perigos pelos quais essas mulheres passam na gestação ou após o parto, tanto que o Ministério da Saúde as incluiu como grupo de risco para o coronavírus no ano passado. A falta de acesso à saúde, a superlotação dos hospitais, a disseminação da variante Delta e a escassez de testes podem ter agravado o cenário.

Mortes de gestantes e puérperas mais que triplicaram em decorrência da Covid-19

"Quando a gente compara os dados com a população geral, o aumento foi muito maior. Em 2021, a gente tem predominantemente a Delta, então pode, realmente, haver uma situação em que as gestantes possam ter sido mais propensas a ter complicações do que a população geral", explica a professora de Medicina da USP e uma das criadoras do OOBr, Rossana Pulcineli Vieira Francisco.

Os números também mostram que uma em cada cinco gestantes e puérperas não foi internada em UTIs. Além disso, uma em cada três não teve intubação orotraqueal. A médica pondera, contudo, que não é possível saber se havia leitos disponíveis ou se faltou acesso a esses serviços.

Desigualdade social

Nas estatísticas do OOBr deste ano, a taxa de mortalidade materna entre negras salta aos olhos: ficou em 17,2%, com 94 óbitos em 548 casos. Em seguida, vêm as indígenas, com 14,9%: foram 7 mortes em 47 infectadas. Depois, é a vez das pardas (13,5%), com 662 vidas perdidas em 4.917 diagnósticos.

Esses três grupos estão acima da média para o ano, que contabiliza 11.508 contaminações entre grávidas e puérperas, chegando a uma taxa de mortalidade materna de 12,6%. Já em 2020, essa taxa, contudo, era quase a metade, quando 6,7% dos casos terminaram em óbito.

Com 43 mortes, as negras também tiveram a maior taxa de mortalidade materna no ano passado, que representou 12,1% em meio a 356 casos confirmados. Já entre as mulheres amarelas — descendentes de japoneses, chineses, taiwaneses e coreanos, entre outros —, o valor foi de 9,8%, com seis mortes em 61 infectadas. O número cai para 7,3% em relação às pardas, que registraram 237 óbitos em 3.233 diagnósticos.

Dados como esses mostram que a Covid-19 impacta grupos sociais e étnicos de forma diferente. O motivo: desigualdade socioeconômica.

"É algo que pode ser relacionado ao acesso aos serviços de saúde, à vacina, a morar mais longe de hospitais... A população mais vulnerável também sofreu mais risco de óbito por Covid", afirma Rossana.

Em 2021, a maior parte dos óbitos maternos se concentra entre as puérperas: de 2.027 infectadas, 461 (22,7%) morreram. O dado segue a tendência do ano anterior, quando 167 mulheres morreram no período pós-parto (12,3%) entre as 1.359 que haviam sido diagnosticadas. Entre as possíveis razões apontadas pela docente da USP estão a fragilidade do organismo após o parto e o foco voltado para a saúde do bebê, o que pode levar à demora em procurar atendimento.

Subnotificação

Os números do OOBr foram extraídos do Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe), gerido pelo Ministério da Saúde. Dentro dele, pesquisadores do observatório filtraram dados que se referiam exclusivamente a grávidas e mulheres no pós-parto, de 10 a 55 anos, período que contempla a idade fértil.

A partir disso, o Globo considerou apenas mortes de casos confirmados de Covid-19, diagnosticados por testes de PCR, antígeno, sorologia e outro (tomografia do pulmão).

As doenças são listadas a partir da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID 10). Dentro dela, segundo o Ministério da Saúde, o óbito por Covid-19 pode se estar nas categorias B34.2 (Infecção por coronavírus de localização não especificada), U07.1 (Covid-19, vírus identificado) ou U07.2 (Covid-19, vírus não identificado).

Ainda de acordo com a pasta, a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) — que pode incluir casos de Covid-19, contribuindo para a subnotificação — pode ser identificada pelo próprio nome com o código U04.9 ou como J98, que se refere a outros transtornos respiratórios.

A subnotificação também passa por casos diagnosticados de Covid-19 que demoram a entrar no Sivep-Gripe. Sgeundo o painel do OOBr, São Paulo, que leva 8,64 dias, em média, para notificar uma contaminação em grávidas e puérperas já chegou a gastar 459 dias — isto é, um ano, três meses e quatro dias — para isso. O estado não está sozinho nas estatísticas: Acre e Alagoas, por exemplo, já alcançaram um tempo máximo de 453 e 445 dias, respectivamente, para informar um caso positivo.

"Existe uma preocupação muito grande de que exista subnotificação, especialmente por conta de fichas que não estão finalizadas. Outra coisa que chama muita atenção é que, se a gente marcar os casos não especificados, nos quais não se chegou ao diagnóstico, tem praticamente os registros de 2020", diz Rossana. "Pode haver ainda aumento do número de casos, por revisão de algum critério, por algum exame que não tenha saído..."

Fonte: O Globo
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