Depois de Rio de Janeiro e São Paulo, outros estados e capitais acendem o alerta para um aumento incomum de casos de gripe. Com a alta na procura por unidades de saúde, eles abrem espaços exclusivos para esses pacientes e se mobilizam para ampliar a vacinação.
É o caso ao menos do Espírito Santo e das cidades de Salvador (BA) e Porto Velho (RO), que confirmaram nessa quarta (15) o crescimento nos atendimentos. Nesses locais, porém, ainda não há registros de uma intensificação de casos graves e mortes.
Em nota enviada à reportagem, a Secretaria de Saúde capixaba informou que "o cenário, inicialmente, apresenta indicadores para epidemia de influenza" no estado. Também disse que aguarda resultados de sequenciamentos genéticos que foram encaminhados à Fiocruz.
A pasta divulgou na terça (14) um alerta sobre a situação. Ela recomenda a separação das recepções para pacientes com síndrome respiratória e a ampliação da oferta de vacinas da influenza e da Covid-19 para grupos de risco e funcionários.
"Foi observado que nas últimas duas semanas a procura por UPAs superou a quantidade estimada para a época, com aumento também de exames analisados e da taxa de positividade por influenza", afirma o texto. Essa taxa subiu de 0,04% em outubro para 7,3% em dezembro, até a última segunda (13).
Agora, o foco do estado é ampliar a cobertura vacinal de influenza principalmente em idosos, que atingiu a menor marca em 13 anos: 76%, abaixo da meta de 90%. Segundo a secretaria, mais de 143 mil idosos ainda não foram se vacinar contra a gripe.
Para isso, os municípios estão oferecendo a imunização a todos acima de seis meses que forem aos postos, shoppings e praças receber outras vacinas, realizando a busca ativa dos grupos prioritários e seguindo uma meta diária que soma 30 mil doses no estado por dia.
Em Porto Velho, a Secretaria Municipal de Saúde afirmou que vai disponibilizar sete unidades com salas específicas para atender sintomas gripais, com exames para detectar a causa e o encaminhamento de casos graves. O município não soube informar o número de casos registrados porque o sistema informatizado está fora do ar há cinco dias.
Em Salvador, a Secretaria Municipal de Saúde confirmou a existência de um surto do vírus influenza H3N2, associado à epidemia que surgiu no Rio. A capital baiana registrou 109 casos da doença em 2021, sendo que 106 deles foram notificados entre o final de novembro e início de dezembro.
Diante do cenário, a prefeitura decidiu inclusive suspender a imunização contra a Covid-19 a partir de sexta (17) para intensificar a vacinação contra a gripe nos grupos prioritários. A campanha chegou a ser ampliada a todos durante o mês de julho, mas a adesão da população foi baixa.
"Mobilizaremos todas as equipes para intensificar a vacinação da gripe na cidade. É uma medida para ampliar a cobertura vacinal no município para conseguirmos quebrar a cadeia de transmissão e, assim, reduzir os impactos do surto em nosso sistema de assistência de urgência", afirmou o secretário municipal de Saúde, Léo Prates.
Estão contemplados agora idosos, trabalhadores da saúde, crianças de 6 meses a 6 anos, gestantes e puérperas, indígenas, quilombolas e pessoas com comorbidades ou deficiência permanente. Uma segunda dose também é aplicada em crianças vacinadas pela primeira vez em 2021.
A prefeitura de Salvador também avalia reabrir unidades de saúde específicas para o atendimento das síndromes gripais, conhecidas como "gripários". O objetivo é diminuir o número de pacientes em UPAs e evitar a infecção de pacientes com outras doenças.
Médicos alertam que as mesmas medidas sanitárias adotadas para prevenção do coronavírus –lavar as mãos, usar máscara e manter o distanciamento social– são eficazes contra a influenza, que também pode evoluir para quadros mais graves com necessidade de cuidados hospitalares.
"Os sintomas desse subtipo de vírus são semelhantes aos das outras síndromes gripais clássicas como febre alta, inflamação da garganta, dores no corpo, coriza e tosse persistente. Em alguns casos, a doença pode evoluir", afirma a infectologista Adielma Nizarala.
Em Salvador, o surto de gripe se junta a uma infestação de dengue. No índice geral, a situação está controlada, mas em alguns bairros o panorama é de alerta. Em Itapuã, por exemplo, 11 a cada 100 domicílios estão infestados, sendo que o normal é 2,3.
As doenças também se somam às fortes chuvas que atingem o interior da Bahia, deixando 6.770 desabrigados, 18.130 desalojados, 12 mortos e 273 feridos. No extremo sul do estado, comunidades arrasadas pelo temporal têm sofrido com falta de gás e água para beber.